Lava-Jato: dinheiro a ser devolvido por delatores não pode servir para “esquentar” patrimônio ilícito

corrupcao_15Drible inaceitável – Os processos judiciais que surgiram na esteira da Operação lava-Jato têm provocados discussões polêmicas, em especial por conta dos acordos de delação premiada, firmados por Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Carlos Alberto pereira da Costa e Júlio Camargo, mas é preciso que a sociedade brasileira exija que os valores que serão devolvidos pelos delatores não fiquem a léguas de distância do montante desviado dos cofres da Petrobras por meio de contratos superfaturados.

Levando-se em conta as promessas de Paulo Roberto, Youssef e Camargo, os cofres públicos receberão de volta aproximadamente R$ 150 milhões, sendo que a maior devolução será a do doleiro da Operação Lava-Jato, R$ 70 milhões. Considerando que a Polícia Federal estima que o esquema comandado pelo ex-diretor da Petrobras e por Youssef movimentou R$ 10 bilhões – o ucho.info afirma que o valor é muito maior – o valor que será devolvido é muito pouco se comparado à roubalheira.

É verdade que vale muito qualquer informação privilegiada que ajude a desmontar quadrilhas especializadas em crimes de corrupção, mas não se pode aceitar uma devolução de recursos tão acanhada. Os delatores que se propuseram a devolver recursos desviados ainda não contaram às autoridades tudo o que sabem, até porque pretendem preservar boa parte das fortunas desviadas, atualmente depositadas em paraísos fiscais.

O que esses alarifes buscam é conseguir no rastro dos acordos de delação premiada uma forma de esquentar patrimônios suspeitos, construídos com dinheiro de origem mais que duvidosa. Não se pode concordar com essa tentativa espúria dos delatores de legalizar o ilícito com quantias pequenas, se comparadas aos respectivos patrimônios.

Quem acompanha e estuda os crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de divisas sabe quanto custa, no Brasil, para dar origem lícita a algo eminentemente criminoso. Se a operação de “esquentar” o patrimônio for realizada por meio de operações financeiras, com direito a lucros e prejuízos no mercado de ações, por exemplo, o interessado terá de desembolsar em torno de 30% do valor a ser legalizado.

Contudo, é preciso considerar pelo menos dois fatos nesse contexto: o esquema criminoso comandado por Costa e Youssef movimentou bilhões de reais e os que já se propuseram a devolver algum dinheiro ganharam muito mais do que imaginam as autoridades.

Der tal modo, é importante que a sociedade brasileira pressione diuturnamente para que o dinheiro desviado dos cofres da Petrobras seja devolvido integralmente, sem a possibilidade de explicações esdrúxulas e outras quireras discursivas, pois do contrário o Brasil estará diante de uma versão agigantada do Mensalão do PT, escândalo de corrupção que até agora não permitiu ao País reaver os valores desviados.

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