Petrolão: Gleisi Hoffmann pode acabar no TCU, onde investigará o escândalo de corrupção da estatal

gleisi_hoffmann_61A caminho do Irajá – A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pode ser encarregada de investigar a ciranda de corrupção que funcionava em algumas diretorias da Petrobras. Isso se prosperar sua indicação para o Tribunal de Contas da União (TCU) no lugar do ministro José Jorge, que se aposenta no próximo dia 18. A hipótese de colocar a senadora paranaense nesse posto-chave é um mais um dos muitos absurdos típicos do Brasil do PT.

Gleisi é acusada pelos delatores do Petrolão, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef, de ter recebido R$ 1 milhão, em dinheiro vivo, do esquema de corrupção da Petrobras para sua campanha ao Senado em 2010. Minuciosa, a denúncia traz detalhes inclusive sobre como e onde o dinheiro foi entregue. O milhão de Gleisi teria sido pago, em quatro parcelas, em um shopping no centro de Curitiba. Se for para o TCU, Gleisi deverá ser encarregada de investigar um crime do qual é uma das principais suspeitas.

A intenção de colocar no TCU um aliado de extrema confiança na relatoria dos processos que investigam o Petrolão é conhecida de todos. Em valores envolvidos, o escândalo da Petrobras é ainda mais grave que o do Mensalão do PT e, ao contrário do que aconteceu no caso que explodiu em 2005, desta vez é muito mais difícil isentar a Presidência da República de qualquer responsabilidade.

Dilma Rousseff comanda pessoalmente o setor energético brasileiro desde 2003, quando assumiu o Ministério das Minas e Energia, que tem em seu guarda-chuva de mando a Petrobras. Em 2005, quando assumiu chefia da Casa Civil, manteve o comando do Conselho de Administração da Petrobras, que autoriza todas as grandes operações da empresa. Entre elas, a compra superfaturada da obsoleta refinaria de Pasadena (Texas) e a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Como presidente, Dilma continuou, bem ao seu estilo centralizador, dando a última palavra sobre todos os assuntos na órbita da estatal. Tirar Dilma da linha de tiro é missão difícil, muito mais para o impossível do que para qualquer outro status.

Paulo Roberto Costa revelou ao Ministério Público Federal que Gleisi Hoffmann recebeu R$ 1 milhão do esquema da Petrobras para sua campanha ao Senado, conforme revelou reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”. Eleita, Gleisi se licenciou do mandato no ano seguinte para ser ministra-chefe da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff.

Ao detalhar o pagamento, Costa afirmou ter recebido um pedido do doleiro Alberto Youssef – alvo da Operação Lava-Jato, que investiga denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro dentro da Petrobras – para “ajudar na candidatura” da ex-senadora. O dinheiro, segundo a Polícia Federal, foi entregue em espécie a um “emissário” da campanha de Gleisi.

De acordo com o ex-diretor de Abastecimento da estatal, o valor era derivado de uma cota equivalente a 1% sobre o valor de contratos superfaturados da Petrobrás e descontado da “propina do PP”, partido da chamada base aliada que o PT palaciano há anos mantém no Congresso nacional a peso de ouro.

Costa também revelou que o repasse para a campanha de Gleisi pode ser comprovado através da inscrição que ele próprio lançou em sua agenda pessoal, apreendida pela Polícia Federal durante a Operação Lava-Jato. No caderno também constam anotações que, segundo o ex-diretor, atestam o repasse de R$ 1 milhão feito a outro membro do PT, Paulo Bernardo da Silva, marido de Gleisi e desde 2011 no comando do Ministério das Comunicações, por indicação de Dilma.

Após acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa informou que o PT e o PMDB recebiam parcelas dos contratos de algumas diretorias da Petrobras, e que, em determinados casos, 3% do valor iam pra o partido do governo central. Construtoras também doaram, em 2010, milhões de reais a partidos da base parlamentar de apoio ao governo, segundo o ex-diretor.

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