Youssef detalha pagamento de R$ 1 milhão a Gleisi e mandato da petista entra no “corredor da morte”

gleisi_hoffmann_41Sinuca de bico – Complicou sobremaneira a situação da senadora Gleisi Hoffmann (PT), ex-ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff entre 2011 e 2014. No acordo de delação premiada que selou com as autoridades que investigam a Operação Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef detalhou como repassou R$ 1 milhão desviado da Petrobras para a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. O dinheiro foi entregue em quatro parcelas, sendo três em um shopping no centro de Curitiba, enquanto a outra foi paga na casa do próprio Youssef, na capital paranaense. De acordo com o doleiro, o dinheiro foi entregue por solicitação do marido de Gleisi, o ministro Paulo Bernardo da Silva (Comunicações).

Candidata derrotada ao governo do Paraná e cotada para assumir uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), onde investigaria as roubalheiras do PT na Petrobras, Gleisi, com as revelações do doleiro, tornou-se alvo central da Operação Lava-Jato. Com ficou isso, seu mandato de senadora corre sério risco. Com o depoimento de Youssef, a parlamentar petista entra no corredor da morte do Congresso Nacional, onde já se encontra o ex-coordenador de sua campanha, deputado federal André Vargas.

As informações de Alberto Youssef confirmam o depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, também em delação premiada, de que em 2010 recebeu pedido “para ajudar a campanha” de Gleisi. Segundo Costa, a solicitação foi feita pelo marido da senadora. O ex-diretor da estatal e o doleiro são réus em processos que apuram irregularidades na Petrobras.

Paulo Roberto Costa disse que o repasse de R$ 1 milhão “se comprova” na inscrição que ele próprio lançou em sua agenda, apreendida pela Polícia Federal em março passado. Em uma página do caderno de Costa consta, entre outros registros, a anotação “PB 0,1”. De acordo com o delator, o registro significa “Paulo Bernardo, R$ 1 milhão”. Youssef disse que os valores foram entregues por um emissário de confiança ao empresário indicado por Bernardo.

Os investigadores acreditam que a quantia supostamente destinada à campanha de Gleisi em 2010 foi entregue em espécie. Eles agora procuram o emissário de Youssef, responsável pela entrega do dinheiro.

Em seu depoimento, Costa disse que o dinheiro para a campanha de Gleisi saiu de uma cota equivalente a 1% sobre o valor de contratos superfaturados da Petrobras. Esse valor, segundo ele, era da “propina do PP”, partido da base aliada ao governo da petista Dilma Rousseff. O doleiro revelou à Justiça Federal que Costa, apesar de cuidar do 1% destinado ao PP, “muitas vezes tinha que atender pedidos do PMDB e do PT”.

Por meio de sua assessoria, Gleisi disse não conhecer Youssef. “Desconheço completamente os fatos”, afirmou. “Todas as doações constam na prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral.” A senadora informou que avalia, com seus advogados, “quais providências legais assumirá em relação ao caso”.

Paulo Bernardo afirmou que “não pediu nem recebeu qualquer importância” e que nunca falou com Youssef. “Reafirmo o que já lhe disse: desconheço esse assunto. Nunca falei com o senhor Youssef, por qualquer meio.” Bernardo confirmou conhecer o dono do shopping citado pelo doleiro, mas nega qualquer irregularidade.

Com o próprio mandato em risco, Gleisi Hoffmann achou prudente desmentir sua indicação para o posto de ministra do TCU. O fato de ter o nome cogitado para o cargo foi revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e provocou enorme indignação, especialmente nas redes sociais, onde se considerou um absurdo que uma das principais suspeitas de se beneficiar dos esquemas ilícitos da Petrobras poderia ser encarregada de investigar a roubalheira na estatal petrolífera.

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