PP finge inocência depois do depoimento de Youssef à Justiça, mas prisões podem ocorrer

alberto_youssef_08Contagem regressiva – Horas depois do depoimento de Alberto Youssef à Justiça Federal, na segunda-feira (10), em Curitiba, a cúpula do Partido Progressista foi procurada por jornalistas para comentar sobre a informação de que o doleiro da Operação Lava-Jato tinha uma espécie de conta com o finado José Janene, então prócer da legenda, e que esquentou dinheiro do Mensalão do PT. Muito mais do que isso, Youssef e Janene comandavam um esquema criminoso que foi além do escândalo dos mensaleiros.

Alegando que não tinha conhecimento do conteúdo do depoimento de Alberto Youssef, a direção do PP disse que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. A desculpa apresentada pelo partido é esfarrapada e poderá cair por terra a qualquer momento, pois as mesmas autoridades têm informações precisas de quem integrava o esquema comandado por Janene.

Que Alberto Youssef lavou, a pedido de José Janene, dinheiro do Mensalão do PT todos os leitores do ucho.info sempre souberam, mas a colaboração que a Justiça espera não é apenas no âmbito do esquema de mesadas distribuídas no Congresso Nacional, mas do dinheiro que o partido recebeu da ciranda de corrupção que funcionava na Petrobras.

O fato de o PP manifestar desejo de colaborar com as investigações não deve ser levado a sério pela Justiça Federal e pelo Ministério Público Federal, pois fosse essa a intenção de fato a colaboração já deveria estar ocorrendo. Para dar início a essa lufada de bondade espontânea, o PP poderia explicar o motivo de Adarico Negromonte Filho ter atuado durante longo período como “ajudante de ordens” do doleiro da Lava-Jato. Adarico é irmão de Mário Negromonte, um dos caciques do PP e ex-ministro das Cidades, de onde foi despejado debaixo de denúncias de corrupção. Atualmente, Mario Negromonte é conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia.

Por motivos óbvios e já esperados o PP alegará inocência até o último instante, colocando a culpa no finado José Janene, mas no corpo da investigação da Operação Lava-Jato há um sem fim de informações sobre integrantes do partido que frequentavam com assiduidade os escritórios que Youssef mantinha no bairro do Itaim, na zona sul de São Paulo, e que funcionavam como filiais da central de branqueamento de capitais.

Se até agora a Polícia Federal não prendeu os caciques do PP que frequentavam a lavanderia de Youssef, é porque as investigações ainda estão em curso e, mais adiante, novos dados comprometedores poderão surgir, colocando uma pá de cal na legenda. Todos os participantes do esquema de corrupção que foi batizado como “Petrolão” foram monitorados pela PF durante meses antes da deflagração da operação da PF, o que significa que muitos políticos do PP tiveram seus passos registrados, inclusive nos prédios onde funcionavam os escritórios do doleiro.

Considerando que o ucho.info tem uma pequena lista de políticos do PP que frequentavam os escritórios de Alberto Youssef, por certo a PF tem uma ainda maior e pode a qualquer momento cumprir mandados de prisão que podem estar na dependência de uma assinatura do juiz da Operação Lava-Jato. Talvez o juiz Sérgio Fernando Moro estivesse esperando apenas uma confirmação por parte do doleiro sobre o envolvimento direto do PP no esquema criminoso, que chegou a financiar algumas campanhas do partido dentro do Congresso Nacional.

apoio_04