Polêmico pedido de demissão de Marta Suplicy continua causando estragos no Palácio do Planalto

(Aaron Cadena Ovalle - EFE)
(Aaron Cadena Ovalle – EFE)
Não é bem assim – A polêmica carta de demissão entregue por Marta Suplicy na Casa Civil da Presidência da República, na qual a petista anuncia sua saída do Ministério da Cultura, continua provocando estragos no governo central. Em viagem, Dilma Rousseff tentou minimizar o assunto, dizendo que a “companheira” Marta apenas externou seu pensamento ao fazer críticas à política econômica do governo, mas está claro que a “saia justa” incomodou sobremaneira a presidente.

Enquanto Dilma colocava um pano quente sobre a polêmica causada pela ministra da Cultura, o petista Guido Mantega, ainda ministro da Fazenda, esperneava por causa das críticas à política econômica do governo. Mantega, um incompetente conhecido e que há muito tornou-se alvo de galhofas no mercado financeiro, não tem do que reclamar, mas mesmo assim disparou: “Das duas, uma: ou ela [Marta Suplicy] se rendeu ao discurso do mercado financeiro ou quer desviar a atenção da sua gestão na Cultura”. E continuou: “E não faltou dinheiro no ministério dela. O que faltou? Talento!”.

Como noticiou o ucho.info na edição de segunda-feira (11), as declarações de Marta Suplicy sobre a cambaleante economia brasileira é um sinal de que Lula trabalha cada vez mais nos bastidores contra a sucessora Dilma, como forma de pavimentar sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2018. Na verdade, o acordo entre Dilma e Lula, que foi desrespeitado, dava ao ex-metalúrgico o direito de concorrer à Presidência neste ano. O que explica a entrada de última hora de Lula na campanha de Dilma, mesmo assim com muitas reservas.

A declaração ácida de Marta Suplicy não foi por acaso e tem pelo menos duas razões. A primeira delas é que Marta reforçou o coro do “Volta, Lula”, o que colocou Dilma em situação de constrangimento junto a boa parcela do PT. A segunda razão é que a senadora petista está de olho na prefeitura de São Paulo, o que de certo modo desde já provoca uma revolução nos planos políticos do prefeito Fernando Haddad (PT), que não vive uma boa relação com Lula, apesar das aparências.

Para sonhar com o reino paulistano, Marta Suplicy precisa contar com o apoio de Lula e adotar um discurso contra o governo Dilma, já que na capital paulista o desempenho petista nas eleições deste ano foi no mínimo vergonhoso para um partido que sonhava com resultados melhores.

Nas últimas horas os palacianos, incumbidos de colocar água fria na fervura política, têm afirmado que já estava previsto que os 39 ministros colocassem os respectivos cargos à disposição depois do dia 18 de novembro, quando a presidente Dilma pretende emitir os primeiros sinais sobre a equipe do próximo governo. Isso daria à presidente da República dose extra de conforto para escolher novos ministros, mas pode ter efeito inócuo com queda vertiginosa da credibilidade do governo em relação ao cenário econômico.

Entre o que falam os integrantes do staff presidencial e a realidade dos fatos há uma considerável diferença. Uma coisa é colocar um cargo á disposição, outra é pedir demissão antes do combinado. O que acontece no governo central, no momento, é uma debandada quase generalizada de pessoas que querem de alguma maneira escapar do carimbo de incompetência que marcou os quatro anos da administração de Dilma Vana Rousseff.

Como no Brasil uma eleição sempre surge na esteira da anterior, as disputas municipais já estão em franca marcha, enquanto a corrida presidencial começa a sair das pranchetas eleitorais para ganhar os imundos bastidores da política nacional. Os brasileiros de bem que se preparem, porque o jogo sujo e rasteiro há de dominar a cena nos próximos quatro anos.

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