Fechando o cerco – Na tarde desta terça-feira (18), a CPMI da Petrobras aprovou, apesar dos protestos de parlamentares do PT e da base aliada, pedido de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de João Vaccari Neto, tesoureiro do Partido dos Trabalhadores. A aprovação do requerimento, de autoria do deputado federal Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara, contou com o apoio do PMDB e do PDT, legendas que integram a base de apoio ao Palácio do Planalto.
Aprovado por um voto de diferença – 12 a favor e 11 contra – o requerimento de quebra de sigilo coloca Vaccari em situação de dificuldade, uma vez que o petista foi acusado por Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa de cobrar propina das empreiteiras em contratos com a Petrobras. O dinheiro sujo que irrigou as contas do PT tinha como origem contratos superfaturados pelas empreiteiras e com a anuência da estatal. O requerimento prevê a transferência dos sigilos de Vaccari Neto no período entre 1º de maio de 2005 e 20 de maio deste ano.
A decisão da CPMI da Petrobras foi tomada quatro dias após a Operação Juízo Final, que viabilizou a sétima fase da Lava-Jato e mandou para a prisão executivos das principais empreiteiras do País e o ex-diretor de Engenharia e Serviços da petrolífera, Renato Duque, indicado para o cargo pelo então ministro José Dirceu.
Líder do PT em exercício no Senado, o piauiense Wellington protestou contra a aprovação do pedido, como se os petistas não pudessem ser investigados. De acordo com Dias, não há qualquer tipo de “indiciamento” referente a João Vaccari Neto. “Não tem nenhuma convocação, nenhum indiciamento, então temos aqui uma situação em que se busca apenas colocar a politização, a disputa partidária para este caso”, criticou.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse não achar “justo” quebrar os sigilos de apenas um tesoureiro do partido. “O que peço dos meus colegas é quebrar o sigilo bancário de todos”, defendeu. Grazziotin integra a tropa de choque do governo no Senado Federal, por isso sugeriu a quebra dos sigilos de vários dos envolvidos no esquema de corrupção. Seguindo a orientação da senadora amazonense, a implosão do PT acontece muito antes do planejado.
Se os dados referentes aos sigilos de João Vaccari Neto forem disponibilizados com celeridade e a CPMI da Petrobras for prorrogada até o dia 22 de dezembro, o PT terá sérios problemas pela frente. Isso porque Renato Duque nega ter participado do esquema de desvio de dinheiro da estatal, mas Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços da empresa e ligado ao PT, fez acordo de delação premiada com as autoridades da Lava-Jato e se comprometeu a devolver US$ 97 milhões, equivalente a R$ 252 milhões. Barusco atuava na Petrobras como braço direito de Duque.
Dois delatores da Lava-Jato, Julio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo, disseram ter pagado R$ 95 milhões a Duque e a Barusco em nome de empreiteiras para conseguir os contratos de pelo menos cinco obras.