“Namoro” de Marta Suplicy com o PMDB é obra de Lula e sinaliza que o PT não sairá ileso da Lava-Jato

marta_suplicy_30Com cautela – Enquanto a Operação Lava-Jato continua abalando as estruturas do poder, a política nacional retoma o ritmo pós-eleições com novidades pontuais. Ex-ministra da Cultura, cargo que deixou a reboque de sérias críticas à política econômica do governo de Dilma Rousseff, a petista Marta Suplicy reassumiu o mandato de senadora na tarde desta terça-feira (18), com direito a discurso em plenário.

Ao chegar ao Senado, Marta disse que sua saída da equipe ministerial é página virada, mas não é assim que o Palácio do Planalto vê a decisão da senadora por São Paulo de deixar o governo de forma abrupta e disparando críticas. “Gente, isso é página virada, estou entrando no Senado, não vou ficar falando dessas coisas”, disse a senadora aos jornalistas após deixar o gabinete do presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Marta Suplicy entrou na alça de mira da presidente da República desde que passou a defender abertamente o movimento “Volta, Lula”. Ligada ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva, a senadora é uma das pontas de lança que Lula usa para atingir publicamente a sua sucessora, com quem trava nos bastidores uma disputa insana. Isso porque o agora lobista de empreiteira quer concorrer ao Palácio do Planalto em 2018.

Ciente de que a Operação Lava-Jato deixará ao PT dividendos políticos negativos, podendo inclusive comprometer o partido como um todo, Lula começa a se articular nas coxias da política nacional para manter seu projeto em marcha. Sem perder tempo, Lula não apenas incentivou Marta Suplicy a deixar a equipe ministerial de Dilma, mas vem trabalhando para que a senadora migre para o PMDB.

A cúpula peemedebista nega essa possibilidade, até porque os ataques ao governo Dilma atingiram indiretamente o partido, mas Marta Suplicy não esconde o seu desejo de ingressar na legenda, pela qual disputaria a prefeitura de São Paulo em 2016, contra o atual prefeito Fernando Haddad. A grande questão é que Paulo Skaf, que perdeu a corrida ao Palácio dos Bandeirantes, é, por enquanto, o candidato do PMDB ao trono paulistano.

Se por um lado a resistência à Marta no PMDB ainda é grande, na hora decisiva o ex-presidente Lula acabará convencendo Michel Temer, cacique peemedebista, a acolher a petista na legenda. Responsável pelo período mais corrupto da história brasileira, Lula é um “animal político” que se movimenta com excesso de destreza nos subterrâneos do poder. Mesmo que silenciosas e discretas, as recentes ações políticas de Lula, longe dos holofotes, sinalizam na direção de uma eventual demolição do PT no vácuo da Lava-Jato. Dilma que se prepare, porque a partir de 1º de janeiro o jogo será bruto.

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