Caráter e dignidade, por favor

(*) Lígia Fleury –

ligia_fleury_04Sem hipocrisias. Feriado é uma delícia! Poder acordar a hora que quiser e escolher fazer qualquer coisa, um extra no lazer, sozinho ou em família, com amigos, aqui ou lá. Imperdível, não é? Algumas datas merecem mesmo serem lembradas e celebradas, mas o brasileiro está muito abusado…

Os que defendem o Dia da Consciência Negra justificam que o Brasil tem uma dívida com os negros.

Eu insisto no meu questionamento sobre quem já provou, cientificamente, que a cor da pele define o caráter, a inteligência, o conhecimento? Por que, então, o Dia do Índio não é feriado? Índio é brasileiro, é mexicano, é colombiano etc. Negro é brasileiro, é mexicano, é colombiano etc. Por que, então a diferença?

Muitos discordam de mim, mas o que seria do verde se todos gostassem do azul?

E aí vou chover no molhado com a questão das cotas, outro absurdo. É a cor da pele definindo as competências?

O Brasil legisla em cima de um código penal absolutamente favorável ao crime. O criminoso tem infinitas possibilidades de recursos e é muito mais favorecido que as suas próprias vítimas. Falar em Direitos Humanos então é uma afronta à dignidade desses simples mortais, as vítimas.

Nós, brasileiros, estamos mergulhados na lama em que nossos brilhantes políticos nos colocaram; ganhamos notoriedade internacional a ponto dos estrangeiros olharem para o Brasil com total falta de credibilidade. Estamos na mira das páginas policiais do planeta, com a corrupção devastando nosso país.

Crianças e adolescentes sem escola, doentes sem atendimento, bandidos nas ruas e nós presos em nossos medos. E ganhamos um dia de feriado para enaltecermos o racismo? Sim, isso é racismo sim. Qual o dia do branco?

Lembrar a importância do negro, do índio, do mestiço, do branco, isso tem que ser todo dia, todos os segundos. Isso é enaltecer a vida, é respeitar o outro, independente de cor, escolha sexual, crenças. É nossa obrigação valorizar a vida. Estamos compartimentando? Estamos excluindo?

E continuarei pensando assim até que me provem que o pigmento define o caráter e o conhecimento. Estão aí os brancos do Planalto, da Petrobrás que envergonham o país. Estava lá, no palco do circo brasileiro, também, o negro que deu motivos de muito orgulho aos brasileiros.

O negro não precisa de um dia para ser lembrado ou de cotas no lugar de merecimento. Eu acredito, de verdade, que a função maior da escola seja educar pelos valores, por meio de princípios que auxiliam a dar sentido ao caráter do indivíduo.

Na escola, as diferenças de cores, tamanhos, pesos e medidas não impedem amizade, carinho, aprendizagem, companheirismo.

Onde, então, começa a discriminação? No exato momento em que se fecham os olhos e os ouvidos para o preconceito. Repito incansavelmente que o caráter que dignifica o Homem não ter forma nem cor.

Nas escolas e nas famílias, em todos os locais, temos que lutar pelos espaços que valorizam a vida, um presente Divino que precisa e merece ser cuidado com respeito.

O ser humano precisa se embebedar de caráter e dignidade, que é o que está, verdadeiramente, em extinção.

(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.

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