Lava-Jato: subalterno na quadrilha do doleiro Youssef, o “mula” Adarico Negromonte deixa a PF

adarico_negromonte_02De volta ao aconchego – O juiz federal Sergio Fernando Moro, titular da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba e responsável pela condução dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, revogou nesta sexta-feira (28) a prisão temporária de Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro do Ministro das Cidades, Mário Negromonte, e flagrado pela Polícia Federal no esquema de lavagem de dinheiro do doleiro Alberto Youssef.

No despacho, Moro justificou sua decisão alegando que Adarico tinha o papel de “subordinado, encarregando-se de transportar e distribuir dinheiro aos beneficiários dos pagamentos”.

Depois de permanecer foragido durante vários dias, sob a desculpa de que os policiais não o procuraram em sua residência, no interior de São Paulo, Adarico Filho entregou-se na última segunda-feira (24) à Polícia Federal em Curitiba. Negromonte foi o último preso da Operação Juízo Final, sétima fase da Operação Lava-Jato, que investiga corrupção, desvio de dinheiro e pagamento de propina, ciranda criminosa que funcionava na Petrobras á sombra do superfaturamento de contratos com empreiteiras.

Ao decidir pela soltura de Adarico Negromonte, o juiz da Lava-Jato ressaltou que o acusado não poderá viajar ao exterior, mudar de endereço e está obrigado a comparecer a todos os atos do processo, quando convocado. Adarico deixou a superintendência da PF em Curitiba pouco depois das 19h, acompanhado do filho e de duas advogadas.

“Foi uma decisão baseada no princípio da presunção da inocência”, disse à imprensa a advogada Joyce Roysen. “Nosso cliente de fato colaborou. Foi ouvido, prestou os esclarecimentos e não foi mais questionado. Nenhum elemento novo surgiu.” Roysen não confirmou se o cliente atuava como “mula” para o doleiro Alberto Youssef, como enfatiza o inquérito da Polícia Federal.

A legislação brasileira é extremamente branda com os criminosos de colarinho branco, considerados os mais perigosos, se consideradas as consequências devastadoras de suas ações. Adarico Negromonte jamais foi um subordinado do doleiro, até porque o esquema criminoso foi esculpido pelo ex-deputado federal José Janene (PP-PR), já falecido, amigo de longa data do ex-ministro Mario Negromonte.

No momento em que a lista de visitantes do prédio onde funcionava o bunker de Alberto Youssef foi revelada, um terço do Congresso Nacional irá pelos ares. No escritório localizado nas esquinas da Rua Tabapuã e Avenida São Gabriel, no bairro do Itaim Bibi, zona sul paulistana, era grande o “entra e sai” de parlamentares.

Mesmo que tivesse atuado como um subordinado do doleiro, Adarico sempre soube que sua atuação no esquema de corrupção era criminosa. Tivesse o escândalo da Lava-Jato ocorrido nos Estados Unidos, Negromonte Filho continuaria preso pelo crime de conspiração contra o Estado, até porque, além de participar de uma organização criminosa, sabia de crimes e não os denunciou às autoridades.

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