Olho do furacão – Está cada vez mais complicada a situação da senadora Gleisi Hoffmann (PT), acusada pelos delatores do Petrolão, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, de ter recebido R$ 1 milhão do esquema criminoso que funcionava em algumas diretorias da Petrobras. Em entrevista à revista Veja, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes, afirmou que a senadora Gleisi Hoffmann foi informada das irregularidades que ocorriam na estatal. Nardes conta que advertiu pessoalmente a ex-ministra da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, mas nenhuma providência foi tomada.
Os alertas não foram feitos uma única vez. Nardes informou ter feito cerca de cinquenta reuniões na Casa Civil para discutir os problemas detectados nas obras da petrolífera. O presidente do TCU disse também que informou à então chefe da Casa Civil que auditores do órgão constataram indícios graves de superfaturamento e combinação de preços.“Nós comentamos o assunto em várias reuniões com a Casa Civil. Temos feito muitas reuniões, especialmente na parte de regulação, e demonstramos nossa preocupação. Não sei dizer por que nada foi feito. Mas foi comunicado”.
“Somente nos últimos dois anos, houve cerca de cinquenta reuniões na Casa Civil da Presidência da República [na época comandada por Gleisi Hoffmann para discutir problemas detectados nas obras da estatal. Ele conta que advertiu pessoalmente a ministra Gleisi Hoffmann sobre a constatação dos auditores que encontraram indícios graves de superfaturamento e combinação de preços”, revela Veja.
A nova denúncia de Augusto Nardes complica ainda mais a situação de Gleisi Hoffmann e da própria presidente Dilma Rousseff. Afinal, Gleisi foi advertida em mais de cinquenta ocasiões sobre a roubalheira que corria solta na Petrobras. É impossível acreditar que a ex-ministra tenha ignorado tantos avisos vindos do presidente do mais alto órgão de controle do governo e que não tenha transmitido esses alertas para sua chefe, a presidente da República. A única conclusão possível é que os alertas foram ignorados deliberadamente.
O que o ministro Augusto Nardes não sabia era que Gleisi, a quem ele pedia providências para conter a corrupção na Petrobras, estava pessoalmente envolvida no esquema, cuja denúncia só veio à tona no final de outubro, na delação do ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e foi confirmada em novembro por Alberto Youssef. O doleiro da Operação Lava-Jato deu detalhes sobre a entrega do dinheiro (entregue em espécie em um shopping em Curitiba) em 2010 para financiar a campanha de Gleisi ao Senado Federal .
O assalto aos cofres da Petrobras ocorria com a anuência explícita do Palácio do Planalto, como já noticiou o UCHO.INFO. Não apenas Gleisi Hoffmann tinha conhecimento da ação criminosa, mas a presidente da República e seu antecessor, o agora lobista Luiz Inácio da Silva, que mergulhou no ostracismo para não ser dragado pelo escândalo.
Como afirmou este site na edição de 29 de agosto de 2014, a Operação Lava-Jato haveria de subir, cedo ou tarde, a rampa do Palácio do Planalto. Ademais, Dilma Rousseff foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras e tinha conhecimento do saque aos cofres da empresa. Só permaneceu em silêncio porque os partidos da chamada base aliada eram sustentados com parte do produto do roubo.