Novo endereço – Os documentos com vista à liberação permaneceram por longo tempo sobre a mesa do ex-chefe do Pentágono, Chuck Hagel, mas após a eleição presidencial uruguaia seis prisioneiros da controversa prisão norte-americana na Baía de Guantánamo, em Cuba, foram levados no domingo (7) para Montevidéu.
Quatro sírios, um palestino e um tunisiano foram liberados e levados por um avião da Força Aérea dos Estados Unidos para a América do Sul, confirmou o governo de Washington. Trata-se do maior grupo de prisioneiros a deixar Guantánamo desde 2008. Todos foram presos em 2002, sob a suspeita de lutar pela organização terrorista Al Qaeda. Durante todos esses anos, nenhum deles foi levado a julgamento.
Em carta aberta ao presidente Barack Obama, o chefe de Estado uruguaio, José Mujica, declarou na última sexta-feira (5) que seu país receberia os seis prisioneiros de Guantánamo como “um gesto humanitário”. Ao mesmo tempo, o presidente esquerdista criticou duramente a prisão ianque. O acolhimento dos prisioneiros constitui um gesto em prol de pessoas vítimas de “um sequestro atroz”.
Por motivos de segurança, os prisioneiros não puderam retornar aos seus países de origem. De acordo com Mujica, os seis homens serão tratados como refugiados, podendo circular livremente no Uruguai. O destino dos prisioneiros de Guantánamo lhe lembra os seus 13 anos de cárcere político, escreveu o ex-guerrilheiro.
Fechamento de Guantánamo?
O enviado especial de Obama para o fechamento do campo de prisioneiros, Cliff Sloan, afirmou que o governo americano está “muito agradecido” ao Uruguai pelo acolhimento dos prisioneiros, que não puderam voltar aos seus países.
O apoio de amigos e aliados é crucial para o fechamento de Guantánamo e a transferência dos seis homens seria uma “etapa importante” rumo a esse objetivo, sublinhou Sloan.
Após a liberação, Guantánamo passa a contar agora com 136 prisioneiros. Desde que assumiu o poder, em janeiro de 2009, Obama se esforça em fechar a prisão que é motivo de críticas internacionais. No entanto, ele sofre resistência do Congresso americano, da Justiça e da opinião pública de seu país.
Desde que foram presos nos anos de 2001 e 2002, a maioria dos prisioneiros não foi a julgamento nem sofreu condenação. De acordo com as autoridades, 66 deles não representam nenhum perigo, mas não encontram nenhum país disposto a recebê-los.
Críticos dos planos de fechamento de Guantánamo veem nos prisioneiros uma ameaça à segurança nacional. Eles rejeitam tanto a sua liberação quanto à sua transferência para prisões nos EUA. Tais críticos aludem a diversos casos, em que os prisioneiros liberados aderiram à Al Qaeda ou a outros grupos extremistas. (Com agências internacionais)