Dilma chora ao receber relatório da Comissão Nacional da Verdade, mas história foi revisitada em parte

ditadura_militar_04Pela metade – O UCHO.INFO, como sabem os leitores, é um convicto defensor da democracia, mas como muitos órgãos de imprensa não compactua com o politicamente correto por causa de interesses terceiros. Desde a instalação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), este site defendeu a revisitação e o esclarecimento dos fatos do período mais negro da história brasileira, a ditadura militar, desde que o trabalho fosse marcado pela isonomia. Mostrar ao País apenas parte da verdade é um ato desprezível, pois sabe-se que para cada ação há uma reação. O que não justifica a adoção de medidas truculentas e a violação aos direitos humanos.

Nesta quarta-feira (10), em cerimônia no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Vana Rousseff recebeu o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que, ao longo de milhares de páginas, responsabilizou 377 pessoas pelos crimes cometidos na era plúmbea. Durante o evento, os integrantes da CNV disseram que não estão a afirmar que os indicados como responsáveis são criminosos, torturadores e assassinos, mas isso é dispensável depois da divulgação da lista. Ou seja, essa conclusão fica por conta da parcela da opinião pública que acessar o relatório. Algo fácil para quem deseja apontar o indicador na direção de alguém, mas é desprovido de coragem. É nesse ponto que também entra o “politicamente correto”.

Nas recentes manifestações contra o irresponsável governo do Partido dos Trabalhadores, ocorridas em várias cidades brasileiras, muitos foram os pedidos de intervenção militar ou retorno dos militares ao poder, o que configuraria golpe semelhante ao de 1964. À época, como agora, o que se via no Brasil era uma tentativa irresponsável e criminosa de esquerdização do País, o que de igual modo não justifica a adoção de medidas truculentas contra os revolucionários de então. Somente quem viveu a ditadura militar e sofreu as consequências sabe o quão nocivo seria ao País o retorno de um regime como o que estreou em 31 de março de 1964.

A democracia brasileira ainda engatinha e é preciso que o seu amadurecimento, que surgirá com o tempo, aconteça à sombra da legislação vigente. O que vemos nos dias atuais é um modelo político conhecido e que mescla corrupção desenfreada com desrespeito às leis, como se isso fosse o melhor dos cenários. O estilo de governança adotado pelo PT é ultrapassado e criminoso, pois tenta enganar parcelas da sociedade com programas sociais que passam ao largo dos objetivos, mas anestesia a opinião pública perante os crimes cometidos pelos agentes públicos. Tudo isso acontece no rastro do discurso boquirroto e enfadonho do “golpe das elites”. Não é essa a realidade, uma vez que a sociedade cobra liberdade e transparência, não sem antes exigir decência com a coisa pública.

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Aproveitando a entrega do relatório da CNV, o Partido dos Trabalhadores, que cada vez mais afunda na lama do Petrolão e outros casos de corrupção, enviou aos jornalistas um e-mail que traz uma informação equivocada e tendenciosa. Destaca a mensagem eletrônica petista que 400 agentes da ditadura militar foram indiciados. Trata-se de uma fantasia oportunista, pois a CNV não tem caráter punitivo, até porque a Lei de Anistia, acolhida na Constituição de 1988, continua valendo e sua reforma foi descartada pelo Supremo Tribunal Federal em decisão que contou com sete votos contra e dois favoráveis.

A presidente Dilma Vana Rousseff, que foi presa durante o regime militar, se emocionou ao discursar no evento palaciano. “Estou certa que os trabalhos produzidos pela comissão resultam do seu esforço para atingir seus três objetivos mais importantes: a procura da verdade factual, o respeito à memória histórica e o estímulo, por isso, a reconciliação do país consegue mesmo por meio da informação e do conhecimento”, disse a petista.

Se o objetivo da CNV é revelar a verdade à sociedade brasileira, o conteúdo do relatório é manco porque traz apenas uma parte do que ocorreu no período mais obscuro da história verde-loura. Atrocidades foram cometidas de parte a parte, mas não se pode demonizar um lado e incensar outro. É preciso parcimônia e isonomia ao revelar a verdade, que por enquanto está pela metade. Em sumam, que todos frequentem a mesma vala.

Por certo há de surgir alguém para acusar-nos de golpistas ou direitistas, mas fica claro mais uma vez que o editor do UCHO.INFO e sua família foram vítimas da ditadura militar, sendo que alguns membros foram submetidos a tortura física e psicológica, situação que, mesmo condenável, não deu aos mesmos o direito de concordar com a meia verdade. “Pau de arara, máquinas de choque, afogamento, DOI-Codi e Serviço Nacional de Informações foram presentes na vida familiar. Isso não nos incentivou a cobrar indenizações do Estado, porque lutar pela democracia é um dever de cada cidadão, não uma fonte de renda”, afirma o editor.

Portanto, que ninguém pense que o objetivo do UCHO.INFO é camuflar a verdade, mas revelá-la por inteiro. Sendo assim, o relatório da CNV é recebido com ressalvas.

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