Foto de líderes globais durante marcha em Paris foi tirada em rua lateral e isolada

(Wojazer - Reuters)
(Wojazer – Reuters)
Assim, mas nem tanto – Quem viu as fotos dos líderes mundiais estampadas nas capas de sites de notícias e jornais pode ter tido a impressão de que eles estavam à frente da gigantesca marcha que tomou conta das ruas de Paris no último domingo (11). Na verdade, as fotos foram tiradas em uma rua ao lado da via em que acontecia a Marcha de Paris, sendo que os 44 líderes globais estavam acompanhados de assessores e protegidos por seguranças. Encerrada a sessão de registro de imagens, eles se retiraram do local.

Ainda que, nas redes sociais, muitas pessoas tenham mostrado indignação com “essa cínica manifestação de oportunismo”, como escreveu um usuário, provavelmente os líderes mundiais não quiseram deliberadamente enganar alguém – até porque a sessão de fotos foi acompanhada por centenas de pessoas e ocorreu num espaço público, à vista de todos.

A situação é fácil de entender: teria sido um pesadelo para os responsáveis garantir a segurança de líderes como François Hollande, David Cameron, Angela Merkel, Mahmud Abbas, Benjamin Netanyahu, entre tantos outros, se eles estivessem misturados a uma multidão de quase dois milhões de pessoas. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, justificou sua ausência com o trabalho que a sua participação daria às equipes de segurança na capital francesa.

Além disso, mais importante do que liderar a marcha era enviar um sinal de unidade entre as nações, de repúdio ao terrorismo e de solidariedade aos franceses. Contudo, como as fotos estamparam matérias sobre a marcha, muitos leitores – e também jornalistas – tiveram a impressão de que os líderes estavam à frente dos protestos, o que gerou críticas.

“Parece que os líderes mundiais não estão ‘liderando’ a marcha pelo Charlie Hebdo em Paris, mas fazendo uma photo op numa rua vazia e protegida”, escreveu o correspondente do jornal “Financial Times” no Oriente Médio, Borzou Daragahi, no Twitter. “Photo op” é uma situação montada, criada exclusivamente para render uma boa fotografia a ser divulgada na imprensa.

“Para mim, isso não é um problema”, escreveu outro usuário. “A mensagem é a mesma, e esses líderes estão sempre sob proteção. E por bons motivos.”

De acordo com a imprensa francesa, a foto foi tirada na Place Léon Blum, perto da estação de metrô Voltaire. O local teria sido escolhido devido à simbologia dos nomes. Blum foi o primeiro judeu a ocupar o cargo de primeiro-ministro na França, tendo sido perseguido durante a ocupação nazista e enviado ao campo de concentração de Buchenwald.

François Marie Arouet, conhecido como Voltaire, é um dos maiores filósofos da França e um dos grandes nomes do Iluminismo, tendo influenciado decisivamente os ideais da Revolução Francesa. Voltaire se opôs fortemente à intolerância religiosa e foi um ardente defensor da liberdade de expressão e de opinião. (Com Deutsche Welle)

(Wojazer - Reuters)
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