Alckmin admite racionamento de água e o míope Alexandre Padilha fala em “estelionato eleitoral”

(Nilton Fukuda - Estadão)
(Nilton Fukuda – Estadão)
Dois pesos – As duras e ácidas críticas que o PSDB faz à presidente reeleita Dilma Rousseff não valem para o também reeleito Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. Dilma é acusada pelos tucanos de estelionato eleitoral por ter mentido, durante a campanha, sobre diversos temas, como, por exemplo, inflação, crise econômica e tarifa de energia elétrica, entre tantos. Não há com negar que esse comportamento tem todos os ingredientes para ser considerado estelionato eleitoral, algo que os petistas dizem ser implicância da direita golpista.

Se Dilma mentiu sobre os temas acima mencionados, Alckmin fez o mesmo ao maquiar a real situação da crise hídrica que afeta principalmente os moradores da maior cidade brasileira, São Paulo. O agravamento da crise de abastecimento de água na terra dos bandeirantes decorre de um período de estiagem histórico, que comprometeu de forma grave e inesperada os reservatórios que atendem à população paulistana.

Nesta quarta-feira (14), depois de a Justiça barrar a cobrança de uma taxa extra daqueles que consumirem água acima da média dos últimos meses, Geraldo Alckmin decidiu assumir que o estado passa por racionamento. Só desta forma será possível reverter a decisão da Justiça, que atendeu a um pedido da Pró-Teste. Independentemente das quireras judiciais, o governador tucano também cometeu estelionato eleitoral. Isso se deve à dificuldade que os tucanos têm de apresentar a realidade dos fatos à população, como se o partido fosse uma reunião dos últimos gênios existentes na face da Terra.

Fosse coerente e corajoso, Geraldo Alckmin teria corrido o risco eleitoral de revelar a verdade, detalhando aos eleitores paulistas os motivos que levaram o estado a enfrentar a maior crise hídrica dos últimos oitenta anos. Desde a chegada do PT ao poder central, em janeiro de 2003, o Brasil passou a dar as costas ao planejamento. Em outras palavras, Luiz Inácio da Silva e seus estafetas passaram a tomar decisões com base nos interesses pessoais e partidários, sem se preocupar com os efeitos colaterais dos próprios atos. Afinal, a ordem era levar às alturas a aprovação do então presidente-metalúrgico, um populista conhecido e emoldurado pela ignorância.

Ao decidir blindar a economia brasileira contra os efeitos da crise global (2008-2009), Lula reduziu tributos e incentivou a gastança, levando o País ao consumismo e ao desperdício. Foi na esteira dessa fórmula absurda que a população, inculta e despreparada, passou a consumir de maneira irresponsável e a desrespeitar a natureza. Nos últimos anos, a afronta ao meio ambiente ganhou força com a falta de chuvas, dividendo do descontrolado desmatamento da Amazônia. Os “saberetas” de plantão sempre alegam que esse discurso é típico de “ecochatos”, mas a realidade surgiu para provar o contrário.

Como se não bastasse, o estado de São Paulo é o destino de seis entre dez brasileiros que buscam novas oportunidades ou solução para problemas insolúveis em outras regiões do País. Esse movimento migratório causa no estado de São Paulo um impacto muito maior do que em outras unidades da federação. Para piorar a situação, São Paulo é responsável por 42% dos impostos que aterrissam nos cofres federais, mas recebe apenas 10% desse valor como contrapartida.

O roto e o rasgado

Ex-ministro da Saúde e derrotado na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, o petista Alexandre Padilha acusou o governador Geraldo Alckmin de “estelionato eleitoral” pelo fato de o tucano ter reconhecido apenas agora que há racionamento de água em São Paulo. Padilha ressaltou que o tucano afirmou durante a campanha eleitoral que “não falta água” em São Paulo. Na época do primeiro turno da disputa pelo governo paulista, em 2014, a crise hídrica não era tão grave como hoje, mas Alckmin, como já salientado, deveria ter revelado a verdade daquele momento.

“Passada eleição, o mesmo governador que no debate disse ‘não falta água em São Paulo’ agora admite que há racionamento! Estelionato eleitoral!”, criticou Padilha, em mensagem publicada no Twitter.

“Aguardando se Alckmin irá admitir também que São Paulo piorou seus indicadores de educação e cresceram número de roubos e de mortes pela Polícia Militar em 2014”, emendou o petista.

Nenhum integrante do Partido dos Trabalhadores tem estofo para falar em estelionato eleitoral, pois o maior deles foi cometido pela reeleita Dilma Rousseff, que agora enfrenta o desmoronamento de promessas absurdas e mentirosas, muitas das quais afetam a vida dos brasileiros há anos.

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