Fora de controle – O clima pesado e tenso vivido por Gleisi Hoffmann (PT) e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, desde que a senadora petista foi apontada como beneficiária de dinheiro desviado da Petrobras, no rastro do esquema criminoso do Petrolão, ganhou contornos de horror depois da prisão de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da estatal. O casal identificou sinais claros de que Cerveró deve aderir à delação premiada, por isso temem o surgimento de novas e comprometedoras revelações.
Gleisi e Paulo Bernardo acreditam que Cerveró já deixou claro, quando seu advogado sugeriu a prisão da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, que não protegerá qualquer pessoa envolvida no imbróglio. O ex-diretor não aceita o escracho público imposto pelo governo de Dilma Rousseff, o que explica o clima de desespero que se instalou no meio político nacional horas depois de sua prisão, nos primeiros minutos de quarta-feira (14), no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o velho Galeão.
Em mais uma de suas conhecidas declarações estapafúrdias, Dilma alegou que, no período em que presidiu o Conselho da Petrobras, aprovou a compra da obsoleta e superfaturada refinaria de Pasadena (Texas) com base em “parecer falho” elaborado por Cerveró. O ex-dirigente também ficou enfurecido com a lorota de que foi sumariamente demitido da Petrobras por seus “malfeitos”.
Gleisi e Paulo Bernardo já foram mencionados nas delações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef. Bernardo apareceu como solicitante e Gleisi como receptora de R$ 1 milhão do esquema de corrupção que funcionava em algumas diretorias da petrolífera. O numerário, de acordo com os depoimentos, teria sido entregue em dinheiro vivo (quatro parcelas), em um shopping popular no centro de Curitiba.
A simples possibilidade de Cerveró patrocinar novas e estarrecedoras revelações assusta o casal, pois dependendo do conteúdo das informações Paulo Bernardo ficará impedido de ser nomeado por Dilma para algum cargo na estrutura da máquina federal.
O ex-ministro das Comunicações, que cobiça o comando da binacional Itaipu, sabe que pode dar adeus à esperança enquanto pairar sobre ele, e a mulher, qualquer suspeita de novos envolvimentos com o Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história nacional, desbaratado pela Polícia Federal no rastro da Operação Lava-Jato, que ainda está em seus primeiros capítulos.