Petrolão: com medo de “grampos”, Gleisi Hoffmann troca os celulares por rádios comunicadores

gleisi_hoffmann_42Fala que eu escuto – A senadora petista Gleisi Hoffmann (PR) decidiu tomar medidas extremas de segurança devido ao receio de novos desdobramentos do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história brasileira. O temor em relação a grampos telefônicos autorizados pelo Judiciário – ou ilegais, patrocinados por adversários políticos – tem levado a senadora Gleisi Hoffmann e o marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Comunicações), a usarem “telefones antigrampo” – rádios comunicadores com frequência exclusiva – supostamente não vulneráveis a qualquer espécie de escuta. Cerca de 200 desses aparelhos foram distribuídos para assessores e aliados políticos mais próximos.

A precaução vem sendo tomada desde que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef denunciaram Gleisi e o marido como sendo beneficiários do esquema de corrupção que funcionava em várias diretorias da Petrobras. O receio de que pudessem estar sendo monitorados pela Polícia Federal aumentou muito depois que Paulo Bernardo deixou o Ministério das Comunicações e passou a ser um cidadão comum. A prisão de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da petroleira, com todo seu potencial explosivo, provocou a tomada de novas medidas de segurança.

Alguns aliados tentaram advertir a senadora para não ter tanta confiança nos rádios comunicadores, em substituição ao velho e bom celular. Um “sistema a prova de grampo” foi responsável pela desgraça política de Demóstenes Torres. O ex-senador democrata pelo estado de Goiás cultivava a imagem de paladino da moralidade, mas mantinha ligações extremamente perigosas com o empresário da jogatina Carlos Augusto de Almeida Ramos, Carlinhos Cachoeira. Para tentar ocultar essa relação, o bicheiro e o senador só se falavam através de rádios comunicadores que acreditavam ser imunes a grampos.

A crença na infalibilidade do sistema antigrampo dos rádios comunicadores era falsa e a Polícia Federal escutou, durante oito meses, todas as conversas entre Cachoeira e Domóstenes, inclusive as mais constrangedoras. O Brasil ficou sabendo, por exemplo, dos nababescos presentes de casamento dados pelo bicheiro ao então senador. Demóstenes foi, em 2012, o segundo senador cassado na história do Brasil.

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