Curto-circuito – Há uma coleção de informações desencontradas a respeito da economia brasileira, que, dizem os especialistas, entrará nos trilhos sob a batuta de Joaquim Levy, o ministro da Fazenda escolhido pela reeleita Dilma Rousseff para reverter a crise que chacoalha o País.
Depois de anunciar, na última segunda-feira (19), um pacote de maldades que em tese garantirá ao governo federal um aumento de R$ 20 bilhões na arrecadação, Levy embargou para Davos (Suíça), onde desde a manhã desta quarta-feira participa do Fórum Econômico Mundial.
Na bela e bucólica cidade, encravada nos Alpes suíços, Joaquim Levy participou de um almoço restrito à imprensa, ocasião em que garantiu aos participantes que o crescimento econômico brasileiro em 2015 permanecerá estável. Considerando que os melhores dicionários da língua portuguesa garantem que estabilidade é a permanência de um determinado estado, o PIB deverá encerrar este ano com avanço máximo de 0,2%. Em 2014, o crescimento da economia nacional fechou abaixo de 0,2%. Como se fosse pouco, o ministro disse aos jornalistas brasileiros que acompanham o evento que no primeiro trimestre a economia brasileira poderá registrar recessão, sem comprometer o crescimento.
A se confirmar a previsão de Levy, o pacote de maldades não surtirá o efeito esperado, pois o consumo deve cair por causa do aumento de preços e pelo encarecimento dos financiamentos para pessoas físicas. Mesmo assim, o ministro da Fazenda insiste na fórmula consagrada do aumento de receitas e redução de despesas, que não funciona no cenário que se apresenta.
Enquanto Levy, um experiente executivo de banco, tentava passar credibilidade e confiança aos participantes do Fórum de Davos, no Brasil o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, caminhava na contramão. Na primeira reunião de 2015, o Copom decidiu elevar em meio ponto percentual a taxa básica de juro, a Selic, que passou de 11,75% para 12,25% ao ano. Isso significa que além do aumento da alíquota do IOF sobre financiamentos, que consta do pacote de maldades de Joaquim Levy, o crédito ao consumidor custará ainda mais caro a partir de quinta-feira (22).
O quadro da economia brasileira é desanimador e esconde um sem fim armadilhas. No momento em que o ministro da Fazenda garante a estabilidade do pífio crescimento econômico nacional e aposta no aumento da arrecadação como forma de colocar ordem na casa, aumentar a Selic é o que se pode chamar de contrassenso. Por outro lado, a equipe econômica do novo desgoverno petista de Dilma Rousseff hão de dizer que é preciso levar a inflação oficial para o centro da meta, o que não ocorreu nos últimos quatro anos. Ora, se a economia brasileira está a andar de lado, o consumo cai sistematicamente e a inflação continua resistente, há algo errado nessa barafunda chamada Brasil.
Dilma Rousseff acredita que é economista, ao passo que seu antecessor, Luiz Inácio da Silva, o pai da lambança, acredita que o último salvador do universo, combinação que não pode ser benéfica até mesmo para a mais sólida economia do planeta. Como disse certa vez um conhecido e gazeteiro comunista de boteco, “nunca antes na história deste país”.