Do discurso de Levy em Davos à realidade brasileira o que prevalece é uma estrada sinuosa e macabra

joaquim_levy_02Nitroglicerina pura – Entre tentar convencer os investidores internacionais que participam do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), e explicar a dura realidade da economia nacional aos brasileiros tem uma enorme diferença. Os donos do capital podem esperar, o reles cidadão tem pressa. Pode parecer um simples oximoro, mas na ponta debaixo desse cenário a situação é caótica, mesmo com a reação positiva do mercado financeiro local diante das declarações de Joaquim Levy, o ministro da Fazenda que foi guindado ao cargo para “arrumar o convés” de um navio a poucas milhas do naufrágio.

Avesso a relações mais intimistas com a imprensa, Levy concedeu entrevista aos jornalistas que estão na bela cidade dos Alpes suíços. Disse o titular da Fazenda que a economia brasileira terá um trimestre de recessão, sem comprometer o crescimento do Produto Interno Bruto. Horas depois, a assessoria do ministro correu para informar que quem escutou a palavra recessão deveria ter ouvido contração. Ou seja, o ministro “tucanou” o discurso. Algo como classificar o recente apagão elétrico como corte seletivo de energia ou, então, chamar o racionamento de água em São Paulo de restrição hídrica

É difícil imaginar que o responsável pela economia de um dos países chamados emergentes não sabe a diferença entre recessão e contração, mesmo que o último vernáculo seja muito vociferado por mulheres momentos antes do parto. De tal modo, é preciso torcer para que a economia brasileira não dê à luz um monstro indomável, pois bastam os que diuturnamente assustam os brasileiros de bem que votaram contra a continuidade do caos.

No UCHO.INFO a energia que nos move é a do otimismo, desde que o motor da consciência seja composto por coerência, responsabilidade e realismo. Até porque o nosso compromisso com os leitores é levar a cada um a informação correta, acompanhada de análises balizadas. Entendemos que é preciso recolocar a economia verde-loura nos trilhos, o que significa distribuir a cada cidadão uma dose de esforço, mas não se pode penalizar uma população que, por acreditar no ufanismo petista, começa a pagar a fatura de uma política econômica equivocada.

Dono de currículo respeitável e senhor de competência reconhecida, Joaquim Levy apresentou ao País uma fórmula que é conhecida de muitos: aumento de receitas e corte de despesas. Essa “solucionática” binomial serve para inglês ver e ouvir, mas no cotidiano não gerará os resultados esperados. Enquanto o salário mínimo, referência em todo o País, continua muito aquém das necessidades básicas do trabalhador e a inflação insiste em exibir resistência, o governo petista de Dilma Rousseff, por meio da equipe econômica, aumenta a taxa básica de juro (Selic), encarece o crédito ao consumidor, aumenta o preço dos combustíveis e ajuda a elevar as tarifas de energia elétrica. Isso significa que produzir deixou de ser uma atividade lucrativa, consumir não é mais a prioridade da população e poupar não é possível porque o dinheiro acaba antes do final do mês.

Quando o então presidente Luiz Inácio da Silva, o fanfarrão, pediu aos brasileiros, em dezembro de 2008, que mergulhassem de cabeça no oceano do consumismo, tendo como colete salva-vidas o crédito fácil, o UCHO.INFO alertou para a irresponsabilidade das medidas do governo, uma vez que no curto prazo os efeitos colaterais seriam devastadores. Como a crise internacional fazia estragos em todos os rincões do planeta e o malandro Lula precisava aparecer na foto como o salvador da humanidade, o máximo que os palacianos conseguiram fazer foi, de forma covarde e rasteira, afirmar que os jornalistas do site torciam contra o Brasil.

Não se trata de torcer contra o Brasil e muito menos de ter bola de cristal. Assim como não é o caso de ser profeta do apocalipse. Trata-se, sim, de usar o raciocínio para prever o dia seguinte, exercício óbvio e necessário para quem lida com a informação. Naquela ocasião não foi preciso nenhum estoque extra de neurônios para perceber que a estratégia do governo Lula para neutralizar a “marolinha” em pouco tempo se transformaria em uma tragédia fora de controle. Passados seis anos, o nosso alerta tornou-se uma desagradável realidade, a qual precisa ser combatida com eficácia e parcimônia.

Em mais um alerta, lembramos que é impossível reverter a crise econômica atual no curto prazo. Esse delta de tempo fixado pelo governo exigirá esforço descomunal por parte da sociedade, que por ser democrática tem sua parcela de culpa nessa receita macabra e indigesta.

Como sempre afirmamos nos últimos anos, a reboque das críticas feitas à desastrada política econômica do desgoverno de Dilma Rousseff, o estrago patrocinado pelo PT será consertado ao longo do tempo, quiçá em cinquenta anos. Isso porque o partido, que já comparado a uma organização criminosa, deu as costas ao planejamento. Aliás, não se tem notícia de que os “Irmãos Metralha” em algum momento de sua épica história tenham se preocupado com o planejamento.

Como disse certa vez um conhecido comunista de botequim, “nunca antes na história deste país”. E PT saudações!

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