Delação do líder dos empreiteiros fecha o cerco da Operação Lava-Jato sobre Gleisi Hoffmann

gleisi_hoffmann_61Fazendo figa – A decisão do ex-presidente da UTC-Constran, Ricardo Pessoa (que está preso em Curitiba por envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato), apontado como líder do cartel dos empreiteiros, de negociar um acordo de delação premiada deixou a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT) sem qualquer perspectiva de escapar ilesa do mar de lama que encharca o Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história brasileira, por enquanto.

Gleisi, que está em marcha batida para perder o mandato parlamentar desde que foi apontada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto Youssef, como beneficiária de R$ 1 milhão do esquema criminoso que funcionava na estatal, contempla agora a apavorante certeza de que será envolvida em novas e graves denúncias.

Ricardo Pessoa era o coordenador do “Clube do Bilhão”, grupo dos empreiteiros que faziam negócios pouco ortodoxos com a Petrobras. O empresário é homem que sabe tudo sobre todo, além de guardar detalhes sobre o caixa dois de muitos políticos que levaram dinheiro do Petrolão. A UTC é uma das grandes financiadoras das campanhas da senadora e foi responsável pelo dinheiro dado a altos integrantes do governo de Roseana Sarney, no Maranhão. A afirmação é do doleiro Alberto Youssef, que disse ter entregue dinheiro da corrupção a pessoa de confiança de Roseana no dia em quem foi preso em São Luís, em março de 2014.

Na campanha de 2010, a UTC de Ricardo Pessoa doou R$ 250 mil para a campanha que elegeu Glesi ao Senado. A doação (“por dentro”) pode sinalizar a existência de outras contribuições da empreiteira à senadora, nesse caso no famoso e malfadado caixa dois. Gleisi é casada com Paulo Bernardo da Silva, que chefiava, em 2010, o estratégico ministério do Planejamento, mas na sequência foi deslocado para o Ministério das Comunicações, cargo que deixou em 31 de dezembro passado.

No caso da doação do R$ 1 milhão, dinheiro não contabilizado cujo pagamento em dinheiro foi denunciado por Youssef e Paulo Roberto Costa, foi Paulo Bernardo quem solicitou a doação. Aportes financeiros dessa natureza podem vir à tona com a delação do chefão da UTC. Todas as empreiteiras investigadas pela PF, as maiores do país, aparecem como grandes doadoras das campanhas de Gleisi Hoffmann.

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