Petrolão: Odebrecht complica-se cada vez mais no maior escândalo de corrupção da história nacional

corrupcao_19Sem saída – Demorou, mas acabou acontecendo. Assim o UCHO.INFO ressaltou, em outubro passado, a entrada do grupo Odebrecht na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Agora, com as investigações avançando rapidamente e os depoimentos dos delatores detalhando situações inusitadas, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que Rogério Santos de Araújo, diretor da Odebrecht Plantas Industriais e Participações, foi quem lhe sugeriu que “abrisse conta no exterior” para receber US$ 23 milhões em propinas pagas pela empresa.

De acordo com Costa, o diretor da Odebrecht “mandou depositar o valor integral, entre 2008 e 2009”. A empreiteira foi beneficiada, em 2009, com contrato bilionário firmado com Petrobrás, o qual é alvo das investigações da operação deflagrada pela Polícia Federal em março de 2014.

O ex-diretor da estatal disse que a conta foi aberta por Bernardo Freiburghaus, pessoa indicada por Rogério Araújo e que seria um profissional do mercado financeiro. A Odebrecht, como era de se esperar, nega a informação e classifica a acusação como “alegações caluniosas do réu confesso e ex-diretor da Petrobrás”. A empresa descartou “qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer executivo ou ex-executivo da estatal.”

Em outro vértice do imbróglio, Rogério Santos de Araújo, que negou ter feito qualquer pagamento ilegal no exterior, rotulou a delação de Costa de “questionável e ilegal”.

No contraponto, Paulo Roberto Costa, que detalhou a operação criminosa e está ciente de que qualquer informação inverídica pode comprometer o acordo de delação premiada, já homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), disse que conta aberta em banco suíço tinha como objetivo exclusivo receber propina no valor de US$ 23 milhões paga pela Odebrecht. Ele disse que espalhou esse valor em outras contas que abriu posteriormente na mesma instituição financeira.

Enquanto a Odebrecht nega os fatos, procuradores da República que participam das investigações da Operação Lava-Jato estão na à Suíça para, com a colaboração das autoridades locais, levantarem os extratos das contas bancárias de Paulo Roberto Costa. A partir desses documentos será possível rastrear o dinheiro da propina e emparedar a Odebrecht, que há muito acredita na impunidade.

Ligações perigosas

A Odebrecht pode querer escapar do furacão, mas não pode ignorar as provas colhidas ao longo da Operação Lava-Jato. Em 2 de outubro de 2014, o UCHO.INFO publicou matéria sobre a relação nefasta entre Paulo Roberto Costa e a empreiteira baiana. Na ocasião, mereceu destaque na reportagem uma declaração do líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno, que defendeu a quebra dos sigilos das empreiteiras, o que não aconteceu durante a CPMI da Petrobras, onde a maioria governista cumpriu as ordens despachadas pelo Palácio do Planalto. Até porque, Lula e Dilma Rousseff à época já estavam fincados no maior escândalo de corrupção da história nacional.

“A nova revelação de Costa só reforça o que nós vínhamos defendendo há algum tempo. Se não quebrar os sigilos destas empreiteiras, a CPI Mista da Petrobras não chegará a lugar algum”, afirmou Bueno, autor de requerimentos de quebra de sigilos bancário, telefônico e fiscal de empresas supostamente envolvidas com o esquema do doleiro Alberto Youssef. As empreiteiras da Lava-Jato faturaram R$ 1,3 bilhão em aditivos contratuais, o que reforça a acusação de corrupção e desvio de dinheiro público.

Por outro lado, a CPMI da Petrobras, encerrada no apagar das luzes de 2014, obteve informações que mostram a troca de pelo menos cem telefonemas, no período de 2009 a 2014, entre Márcio Lewkowicz, um dos genros de Paulo Roberto Costa, e a OPdebrecht.

Pedra no sapato

O maior temor dos controladores Odebrecht é ter de explicar, em algum momento, como se deu o processo de expropriação da Petroquímica Triunfo, no Rio Grande do Sul, que à sombra de um cipoal de ordens palacianas escusas passou a integrar os negócios da Braskem, empresa do conglomerado baiano.

Para que os leitores compreendam a estranha manobra, que desrespeitou os direitos do empresário Boris Gorentzvaig (já falecido), então sócio da Triunfo, o setor petroquímico nacional é quase um monopólio do grupo Odebrecht. Isso porque o então presidente Lula, que hoje atua como lobista do grupo,quis assim, Dilma pressionou para que isso acontecesse dessa forma e Paulo Roberto Costa cumpriu as ordens do núcleo duro do governo bandoleiro do PT. Não por acaso, Lula referia-se ao ex-diretor da estatal como Paulinho, com quem despachava quase que semanalmente.

No embalo das matérias do UCHO.INFO sobre o estranho domínio da Odebrecht no setor petroquímico e a criminosa expropriação da Triunfo, o Ministério Público Federal decidiu abrir inquérito no âmbito da Operação Lava-Jato. Afinal, seria uma sonora irresponsabilidade ignorar os muitos depoimentos de Paulo Roberto Costa para esclarecer dúvidas sobre um escândalo que tem ingredientes de sobra para ser maior que o Petrolão.

A Odebrecht continua encastelada e destilando falsa inocência, mas esse cenário deve mudar em breve, principalmente quando os sucessores de Boris Gorentzvaig colocarem sobre a mesa os muitos documentos que comprovam a safadeza que reina no setor petroquímico brasileiro. Em outras palavras, o falso reino de virtudes da Odebrecht começa ruir.

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