Petrobras: após desmentidos do governo, demissão de Graça Foster é antecipada e confirmada

graca_foster_05Marcha à ré – Definitivamente o governo de Dilma Rousseff está perdido. Aliás, perdida está a presidente da República, cujos discursos têm prazo de validade curto, além de baixo grau de confiabilidade. Na terça-feira (3), Dilma abriu espaço na agenda oficial para receber Maria das Graças Foster, agora presidente demissionária da Petrobras. O Palácio do Planalto negou a informação sobre a demissão de Foster, situação que perdurou até o final do dia, mas a notícia publicada pelo UCHO.INFO, ainda no período da manhã de terça-feira, era procedente e tinha como base relatos de servidores da própria Petrobras.

Com a reação positiva do mercado acionário diante da notícia da saída de Graça Foster, a demissão tornou-se inevitável e foi informalmente confirmada, depois que a petroleira recuperou R$ 1bilhões em valor de mercado apenas na terça-feira. O tempo passou e o Palácio do Planalto, que havia negado que a demissão da diretoria da estatal havia recheado a pauta do encontro entre Dilma e Foster, acabou confirmando a substituição de todo corpo diretivo da companhia. O que deveria ocorrer até o final deste mês, uma vez que o governo precisava de tempo para escolher os substitutos.

“Em resposta a esta solicitação, a Petrobras informa que seu Conselho de Administração se reunirá na próxima sexta-feira, dia 06.02.2015, para eleger nova diretoria face à renúncia da presidente e de cinco diretores”, diz o texto. Além de Graça, outros seis diretores respondem pelo comando da estatal. São eles: Almir Guilherme Barbassa (área Financeira), José Alcides Santoro Martins (Gás e Energia), José Miranda Formigli Filho (Exploração e Produção), José Carlos Cosenza (Abastecimento), José Antônio de Figueiredo (Engenharia) e José Eduardo de Barros Dutra (Serviços)”, informa a nota enviada pela estatal à BM&FBovespa.

Entre os nomes sondados para assumir a presidência da estatal brasileira, um dos mais cotados é o de Henrique de Campos Meirelles, ex-presidente do Banco Central e que conta com o apoio escancarado de Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula.

Há na escolha desesperada do governo pelo menos dois problemas que podem fazer Meirelles recusar o convite. O primeiro deles é que Dilma Rousseff não mantém boas e cordiais relações com o ex-presidente do BC, que está acostumado a agir com independência, algo difícil na seara da mandatária brasileira. O segundo, mais complexo, é que dificilmente assumirá o comando da Petrobras sem que o balanço da empresa referente ao terceiro trimestre de 2014 esteja auditado. A companhia divulgou o documento sem o referendo da consultoria PWC, o que trouxe consequências indigestas.

Emoldurando esse cenário há a razão derradeira para a fritura da presidente da empresa. Maria das Graças Foster afirmou recentemente que o prejuízo da Petrobras com escândalos de corrupção é de aproximadamente R$ 88 bilhões, com a ressalva de que o valor pode ser maior. Depois de pressionada pelo Planalto, a Petrobras refez as contas na madrugada subsequente e anunciou que o prejuízo é de R$ 3 bilhões.

Quem aceitar presidir a Petrobras precisa saber que o fardo imundo que surgiu no rastro do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história da humanidade, pode cair no colo a qualquer momento. E ninguém embarcará em uma operação de risco, sabendo que os partidos da oposição e a opinião pública fazem marcação cerrada quando o assunto é a roubalheira ocorrida na estatal.

Na manhã desta quarta-feira (4), em comunicado enviado à BM&FBovespa, a Petrobras informou que Maria das Graças Foster e outros cinco diretores renunciaram aos cargos. O comunicado foi elaborado em resposta aos pedidos esclarecimentos da entidade sobre as notícias em relação à substituição da presidente da estatal, que provocaram valorização das ações no pregão do dia anterior. De acordo com o informativo, a nova diretoria da Petrobras será eleita em reunião do Conselho de Administração, marcada para sexta-feira (6).

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