No rastro de disputa por cargo no Senado, Lúcia Vânia deixa o PSDB e acusa Aécio de “frouxidão”

lucia_vania_01Penas ao ar – A crise política chegou à seara do PSDB, que decidiu travar uma queda de braços com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, na composição da Mesa Diretora da Casa, que desde o último domingo (1º) é alvo de seguidos impasses.

Indicada por Renan para ocupar a Primeira Secretaria do Senado, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) ocupou a tribuna do plenário na tarde desta quarta-feira (4) para um contundente desabafo. Dizendo-se cansada de enfrentar dificuldades dentro do tucanato, Lúcia Vânia anunciou que deixa o PSDB por ter sido obrigada pela direção da legenda a desistir de um cargo na Mesa Diretora.

Sem poupar o presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), a parlamentar goiana não se conteve ao comentar a forma como o caso foi exposto publicamente e acusou o colega mineiro de “frouxidão”.

“A mágoa é em relação a esse processo. A disputa é normal para quem é político. O que não é normal é deixar um companheiro ser massacrado. Pelo menos, o partido vai aprender que tem que ter mais delicadeza ao lidar com questões complexas”, afirmou a senadora, que alegou que há muito é “maltratada” na legenda.

Para contrapor a escolha de Renan Calheiros, o PSDB bancou o nome do senador Paulo Bauer (PSDB-SC) para ocupar a Primeira-Secretaria do Senado, que em termos práticos funciona como uma espécie de prefeitura da Casa legislativa. Renan e Lúcia Vânia se irritaram com a situação, que culminou com troca de acusações entre o presidente do Senado e Aécio Neves.

Longe de câmeras e microfones, os tucanos garantem que Lúcia Vânia só foi indicada para a Primeira-Secretaria por ter votado em Renan Calheiros na disputa pela presidência do Senado, enquanto o partido apoiava o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), ex-governador de Santa Catarina.

Lúcia Vânia nega a acusação. “A imagem que se passou é que eu traí o PSDB. Eu me comportei da forma mais ética possível. Comuniquei ao presidente Renan que não poderia votar nele por circunstâncias que exigiam que eu seguisse a determinação do meu partido”, disse a senadora.

Se de fato Lúcia Vânia optou pela reeleição de Renan é impossível saber, pois o voto é secreto, mas é certo que a indicação da senadora para o cargo era do interesse do Palácio do Planalto, que prefere não ter na Mesa Diretora adversários políticos aguerridos e donos de discursos ácidos e recorrentes. Considerando que a vaga cabe ao PSDB, o melhor para o governo é lidar com um adversário mais ameno.

No momento em que a crise institucional que desce a rampa do Palácio do Planalto exige cada vez mais união para enfrentar a usina de desmandos em que se transformou o governo petista de Dilma Rousseff, o PSDB consegue provar novamente sua incompetência para liderar um bloco de oposição, apenas porque questões comezinhas têm prioridade no ninho tucano.

Senadores do PSDB que pensam com o cérebro – não com o fígado, como faz Aécio – entendem que o melhor seria entregar de presente a Primeira Secretaria para Renan Calheiros, que de novo agirá como poita de luxo do desgoverno de Dilma Rousseff, prejudicando o País e todos os cidadãos. O papel maior do PSDB deveria ser o de capitanear um movimento oposicionista sério e implacável, pois a crise institucional que chacoalha o Palácio do Planalto não é pequena. Mas Aécio Neves consegue se preocupar com situações menores, como o discurso enfadonho do “estelionato eleitoral”, que há muito perdeu o prazo de validade.

Aliás, o UCHO.INFO já afirmou em matéria recente que Aécio Neves está longe de ter a capacidade necessária para apontar o indicador na direção do Palácio do Planalto. Quem sabe, um dia, Aécio deixe de ser o garoto mimado que ingressou na política no colo do avô Tancredo Neves. Até lá, os brasileiros devem deixar o sofá da sala, arregaçar as mangas e assumir o papel de oposição.

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