Tiro certeiro – A cúpula do PT imaginou que o Carnaval serviria para aliviar a tensão provocada pelos escândalos de corrupção, em especial o Petrolão, mas depois desta quinta-feira (11) o melhor que os “companheiros” podem fazer é reforçar o estoque de calmante. Isso porque o doleiro Alberto Youssef, nos depoimentos prestados na esteira de acordo de delação premiada, afirmou ter intermediado pagamento de propina ao PT.
De acordo com o doleiro da Operação Lava-Jato, o dinheiro, pago pelas empresas Camargo Corrêa e Mitsui Toyo, acabou nas mãos do ex-ministro José Dirceu, já condenado no processo do Mensalão do PT, e do tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, que recentemente foi alvo de condução coercitiva. Para complicar a situação, Youssef, em outro depoimento, disse que José Dirceu e Antônio Palocci Filho, ambos ex-chefes da Casa Civil, eram “ligações” de Júlio Camargo, executivo da Toyo Setal, com o PT.
“Que o dinheiro entregue pelo declarante [Youssef] em São Paulo servia para pagamentos da Camargo Corrêa e da Mitsui Toyo ao Partido dos Trabalhadores, sendo que as pessoas indicadas para efetivar os recebimentos à época eram João Vaccari e José Dirceu”, afirmou o doleiro no depoimento prestado em 10 de outubro de 2014.
Preso desde a deflagração da Operação Lava-Jato, em março de 2014, Youssef afirmou aos policiais federais que o executivo da Toyo Setal tinha “ligações” com o PT, “notadamente” com Dirceu e Palocci. No depoimento, o doleiro foi enfático ao dize que Júlio Camargo é “amigo” de José Dirceu.
Em nota, a assessoria de Dirceu informa que o deputado cassado e mensaleiro condenado “repudia com veemência” as declarações de Alberto Youssef, de que teria recebido recursos ilícitos de Júlio Camargo ou de “qualquer outra empresa investigada” na Lava-Jato.
“As declarações são mentirosas. O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação de Dirceu”, destaca a nota divulgada pela assessoria do mensaleiro.
Vaccari Neto informou, por meio de nota publicada no perfil que o PT mantém no Facebook, que o tesoureiro nega “veementemente” ter recebido qualquer quantia em dinheiro de Alberto Youssef. No comunicado, o partido afirma que são “absolutamente mentirosas” as acusações feitas pelo doleiro.
Por questões mais do que óbvias José Dirceu só tinha como saída rebater as afirmações do doleiro, pois qualquer declaração contrária mandaria o PT pelos ares definitivamente. O mesmo aconteceu com Vaccari, que caso confirmasse as declarações do doleiro colocaria na corda bamba a reeleição de Dilma Rousseff.
Apresa de todas as considerações, é importante lembrar que o acordo de delação premiada de Alberto Youssef teve como condição primeira o compromisso do doleiro de revelar apenas a verdade, o sendo que as informações foram devidamente checadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
