Grécia pede extensão por seis meses de plano de ajuda europeia; Alemanha rejeita

(Alkis Konstantinidis - Reuters)
(Alkis Konstantinidis – Reuters)
Impasse continua – O governo da Grécia pediu oficialmente à Comissão Europeia, nesta quinta-feira (19), uma extensão por seis meses do plano de ajuda financeira do bloco a Atenas. A zona do euro reúne-se na sexta-feira para debater a proposta, mas a Alemanha já informou que não representa “uma solução substancial” e nem “responde aos critérios” fixados pelo bloco.

A posição alemã foi antecipada em comunicado por Martin Jäger, porta-voz do ministro Wolfgang Schläuble (Finanças). A Alemanha insiste que a ajuda financeira à Grécia é indissociável ao plano de reformas iniciado no país e ao pagamento dos credores.

O verdadeiro objetivo do governo grego seria obter o financiamento sem atender às exigências do programa de resgate internacional, afirmou Jäger. “A carta não satisfaz os critérios estabelecidos pelo Eurogupo nesta segunda-feira.”

Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, acha que o pedido de extensão de sua linha de crédito feito pelo governo grego é um “sinal positivo” que “abre caminho para um compromisso razoável” para a estabilidade do bloco.

Os ministros das Finanças do Eurogrupo vão se reunir nesta sexta-feira (20) para debater a proposta. Um acordo com os 19 integrantes do bloco é necessário para prolongar em seis meses a ajuda financeira que a Grécia recebe desde 2012. A atual linha de crédito ao país vence no dia 28 de fevereiro.

Não à austeridade

O documento enviado pouco antes pelo novo governo grego solicitava a extensão do financiamento europeu, afirmando que Atenas se comprometeria a honrar suas dívidas e a não adotar medidas unilaterais que pudessem minar metas fiscais acordadas, de acordo com a agência de notícias Reuters.

O objetivo da extensão de seis meses do programa de resgate seria, entre outros pontos, “assegurar o trabalho em estreita cooperação com nossos parceiros europeus e internacionais”. Tal afirmação indica um comprometimento do novo governo grego com a supervisão da chamada troica – formada pela União Europeia (UE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Contudo, o documento não usou os termos “troica” e “resgate”, segundo a Reuters.

O primeiro-ministro Alexis Tsipras (à direita na foto) não abre mão de adotar medidas de resgate social no país, como o aumento do salário mínimo e a recontratação de funcionários públicos que a extrema-esquerda julga terem sido demitidos de forma abusiva. Com essas medidas, Tsipras passa por cima das regras de austeridade fiscal impostas pelo trio de credores.

Estimando que essa queda de braço entre Atenas e Bruxelas não terá um vencedor, cada vez mais vozes consideram que a Grécia poderá sair da zona do euro. Cabe ao Banco Central Europeu ampliar o apoio aos países credores de Atenas, para evitar as consequências desastrosas de um calote grego. (Com RFI e agências internacionais)

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