Governo francês criará órgão para dialogar com os muçulmanos do país

franca_21Antes tarde – Uma nova instância de diálogo com o Islã será criada “até o verão”, anunciou o porta-voz do governo francês, Stéphane Le Foll, nesta quarta-feira (25), após a reunião do Conselho de Ministros. O órgão tratará de assuntos ligados à segurança dos locais de culto, à prevenção e à repressão das ações contra os muçulmanos e à formação dos imãs.

O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, disse em entrevista que a entidade se reuniria duas vezes por ano, com o primeiro-ministro, para debater questões concretas que preocupam os franceses muçulmanos.

“Já existe hoje uma instituição nacional, o Conselho do Culto Muçulmano, e os conselhos regionais. A nossa vontade é criar um órgão que favoreça o diálogo para um islã fiel aos valores da República”, afirmou o ministro em entrevista ao jornal “Le Monde”. “O Islã, apesar de uma minoria radical, tem uma mensagem de paz, tolerância e respeito.”

Para Cazeneuve, os atentados não podem se transformar em uma arma de discriminação contra os muçulmanos. “Há uma exploração nefasta dos atos terroristas por certos grupos para atiçar conflitos e aprofundar os antagonismos, provocar medos. Existe apenas uma comunidade, é a comunidade nacional. Eu falo de franceses muçulmanos, não de muçulmanos da França. Os responsáveis públicos têm o dever de se ater ao conteúdo das leis e dos princípios republicanos”, completou.

A medida chega com certo atraso, mas antes tarde do que nunca. Quem conhece minimamente a França sabe o que enfrentam aqueles que integram as minorias. São discriminados das mais vaiadas formas, sendo que os muçulmanos chegam a ser descartados em seleção de emprego apenas por causa do sobrenome. Em alguns casos, os candidatos alteram o nome no currículo para manter a chance de avançar na seleção. Isso em qualquer lugar civilizado do planeta é considerado discriminação.

Tal situação não justifica qualquer ato de terrorismo, mas ajuda a explicar os efeitos de uma marginalização que leva o cidadão a buscar alternativas de sobrevivência ou até mesmo alguns meios para se destacar em uma sociedade que tem a segregação como norma primeira.

Para muitos pode parecer exagero de nossa parte essa afirmação, mas é preciso analisar a sociedade francesa, como um todo, assim como de muitos países da Europa, para compreender o que se passa em suas entranhas. Em meio aos segregados sempre há de surgir extremistas que usarão a força e a ignorância para contestar o sistema. Para esses, no caso, a França deve usar a lei em todas as suas filigranas. (Com informações da RFI)

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