Presidente da Câmara suspende decisão que previa passagens para cônjuges de deputados federais

eduardo_cunha_09Marcha à ré – Durou pouco a farra das passagens destinadas aos cônjuges dos deputados federais pagas com o suado dinheiro do contribuinte. Depois de sinalizar, no final de semana, que poderia rever a decisão da mesa Diretora, desnecessária no momento em que o País passa por grave crise econômica, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou a suspensão da medida por causa da repercussão negativa junto à população e aos próprios parlamentares.

Cunha informou que levará à reunião da Mesa, marcada para terça-feira (3), proposta alternativa. “Eu chamei a reunião da mesa amanhã [terça] com uma única pauta, justamente para tratar do assunto das passagens, em que vamos propor algum tipo de mudança. Ainda vou acertar. Como foi a mesa que decidiu, caberá à mesa mudar”, afirmou o presidente da Câmara.

Na tarde desta segunda-feira (2), a Procuradoria da República no Distrito Federal informou que recomendara à Câmara dos Deputados a imediata suspensão da concessão de passagens aéreas aos cônjuges dos parlamentares.

O procurador Douglas Kirchner afirmou que a decisão da Câmara viola os princípios da “moralidade, da impessoalidade e da indisponibilidade do interesse público”. De acordo com Kirchner, o não cumprimento da recomendação poderá acarretar na responsabilização dos integrantes da Mesa Diretora da Câmara por ato de improbidade administrativa.

O PSDB chegou a ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a medida, mas na noite de sexta-feira o ministro Teori Zavascki negou provimento ao pedido.

O recuo de Eduardo Cunha em relação ao caso, batizado pelo UCHO.INFO como “o amor está no ar”, aconteceu após vários partidos abrirem mão do benefício absurdo.

É importante destacar que a suspensão das passagens não impedirá que os cônjuges dos deputados viagem a Brasília a bordo do dinheiro público. Isso já acontece com frequência, não apenas entre os estados de origem e a capital dos brasileiros, mas para muitos destinos, inclusive internacional. Quem conhece as entranhas do Congresso Nacional sabe que isso acontece e que a chamada “Casa de Noca” há de continuar, sem que a população constate a malandragem antiga.

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