Marcação cerrada – Um promotor argentino apelou nesta quarta-feira (4) da decisão judicial que rejeitou, por falta de provas, uma denúncia contra a presidente Cristina Elisabet Fernández de Kirchner, acusada de encobrimento dos suspeitos do atentado terrorista que deixou 85 mortos, em 1994.
Em seu requerimento, o promotor Gerardo Pollicita considera que a decisão do juiz Daniel Rafecas “descarta de forma antecipada e prematura as hipóteses trazidas a conhecimento através da denúncia” do falecido promotor Alberto Nisman, o primeiro a acusar Kirchner de tentar acobertar os suspeitos do atentado e que morreu poucos dias depois de fazer a acusação.
“A decisão de proceder ao encerramento imediato, sem realizar nenhuma das medidas que haviam sido propostas no requerimento de instrução, impede contar com informação essencial”, afirmou Pollicita. “Uma hipótese criminal de inusitada gravidade e transcendência institucional, como a apresentada pelo Dr. Nisman, demanda a realização de todos os esforços possíveis para tentar alcançar a verdade real do sucedido”, argumentou.
Pollicita apresentou seu recurso de apelação ao tribunal presidido por Rafecas, que deverá agora decidir se aceita o pedido. Se ele for aceito, o caso passará à Câmara Federal, instância superior. Se não for aceito, Pollicita tem a opção de recorrer diretamente à Câmara Federal.
Nisman morreu em 18 de janeiro, vítima de um disparo na cabeça e em circunstâncias ainda não esclarecidas, quatro dias depois de acusar Kirchner, o chanceler Héctor Timerman e outras pessoas ligadas ao governo de acobertar os suspeitos iranianos do atentado contra a instituição judaica Amia, em 1994.
Pollicita assumiu o caso depois da morte de Nisman e, com base na denúncia feita pelo promotor, indiciou Kirchner e os demais acusados. Rafecas, porém, rejeitou abrir uma investigação contra ela, considerando não haver provas suficientes para abrir um processo criminal.
Nesta quarta-feira, um site de notícias ligado ao Ministério da Justiça publicou que Nisman estava num estado elevado de embriaguez no momento da sua morte. Segundo o site Infojus, o exame toxicológico afirma que Nisman tinha 1,73 grama de álcool para cada litro de sangue no momento em que morreu.
Os investigadores que foram ao apartamento de Nisman teriam recolhido uma garrafa de vodka aberta e pela metade, afirma o site. O resultado do exame toxicológico não foi divulgado pela promotora responsável pelo caso, Viviana Fein. (Com agências internacionais)