Sordidez explícita – O governo da Austrália informou estar “chocado” e “indignado” com o tratamento dispensado aos dois australianos que estão no corredor da morte, após a divulgação de fotos de policiais indonésios fazendo “selfies” com eles. As execuções dos australianos e de outros estrangeiros condenados por tráfico de drogas não serão realizadas nesta semana, como previsto, confirmaram nesta sexta-feira (6) as autoridades indonésias.
A indignação do governo australiano é fruto da circulação de fotos tiradas na quarta-feira (4) a bordo do avião que transportava os australianos (Andrew Chan e Myuran Sukumaran) de Bali para a ilha de Cilacap, onde está localizada a prisão de segurança máxima de Nusakambangan, palco das execuções. O esquema de segurança, inclusive durante a viagem aérea, contou com dezenas de policiais armados.
Uma das fotos mostra o delegado de polícia de Depansar, capital da ilha de Bali, posando sorridente para um “selfie” com uma mão nas costas de Chan, que aparece com o rosto pálido. Em outra imagem, o delegado colocou as mãos sobre os ombros de Sukumaran, que olhava o agente policial.
“Acho que elas (as fotos) foram inconvenientes e demonstram uma falta de respeito e de dignidade, e nós expressamos nossa indignação ao embaixador indonésio em Camberra”, declarou o primeiro-ministro Tony Abbott em entrevista a jornalistas.
O delegado de Depansar, Djoko Hari Utom, negou que as fotos fossem momentos “selfies”. À agência Fairfax Media, Utom disse que não sabia que as fotos estavam sendo tiradas.
Na quinta-feira (5), a Austrália propôs uma troca de prisioneiros como última tentativa para evitar a execução dos dois condenados, mas a oferta foi recusada por Jakarta.
Execução sem data confirmada
As autoridades confirmaram nesta sexta-feira que os condenados no corredor da morte, entre eles o brasileiro Rodrigo Gularte, não serão executados esta semana.
O procedimento exige que os condenados, uma vez presentes na ilha de Nusakambangan, sejam avisados com 72 horas de antecedência antes da execução.
O porta-voz do Ministério Público, Tony Spontana, informou que o caso da condenada filipina Mary Jane Fiesta Veloso não tinha sido concluído. Ela ainda não foi transferida para a ilha onde acontecerá o fuzilamento porque aguarda a resposta de um recurso encaminhado à justiça.
Os outros nove condenados à morte por tráfico de drogas, que não tiveram seus pedidos de perdão aceitos pelo presidente Joko Widodo, já foram transferidos para a prisão de segurança máxima onde serão fuzilados. (Com informações da RFI)