Fora do tom – Líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO) lamentou a manutenção dos vetos presidenciais em sessão do Parlamento que se estendeu pela quarta-feira (11).
Para o senador goiano, a decisão de boa parte da base governista em acatar as decisões presidenciais que aumentam a carga tributária dos brasileiros é uma demonstração de que há um descompasso entre o Congresso e a população brasileira.
“É inaceitável que, com um governo com aprovação na casa dos 7% e envolvido em todo tipo de corrupção, o Congresso vote para aumentar a carga tributária do povo brasileiro. É uma demonstração de que a Casa está em total falta de sintonia com a população”, declarou.
Para Caiado, a postura do Legislativo deve contribuir com o sentimento de indignação popular com a política, o que seria prejudicial à democracia brasileira. “O que hoje atinge a presidente Dilma amanhã pode atingir em cheio o Congresso Nacional. Demos um tiro no nosso próprio pé”, comentou.
Rejeição
Durante seu discurso em defesa da derrubada do veto ao reajuste da tabela do imposto de renda, Ronaldo Caiado comparou a aprovação da presidente Dilma com a inflação anual que já está acima do teto (6,5%) do plano de metas estabelecido pelo governo, beirando a casa de 8%.
“A inflação já passou a aprovação do Governo Dilma! Nunca antes na história desse país, nem no Governo Collor, tivemos um chefe de Estado tão impopular. Dilma deixou de ter aquilo que é o fundamento básico do sistema presidencialista: a credibilidade moral”, atestou.
Jogo de cartas
A manutenção do veto presidencial ao reajuste da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física é uma prova inconteste dos acordos espúrios que acontecem nos bastidores do poder entre a cúpula do Congresso e o Palácio do Planalto.
Com a divulgação da lista de políticos acusados de envolvimento no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, e a respectiva abertura de inquérito por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), alguns parlamentares, cientes de que a condenação está a caminho, começam a negociar com o governo, na expectativa de que algum milagre ocorra no decorrer do tempo.
Mesmo que isso [milagre] não aconteça, esses alarifes com mandato mais adiante deixarão os respectivos cargos com a “burra cheia”, até porque em uma situação com essa, com o novo governo enfrentando uma grave crise político-institucional, difícil encontrar quem atenda os interesses do Palácio do Planalto sem qualquer contrapartida.