Após o País começar o ano com o “pé esquerdo”, analistas preveem recessão em 2015

crise_23Crise crescente – Em janeiro, o resultado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) foi considerado fraco. Diante disso, o mercado voltou a afirmar um quadro recessivo para este ano. O IBC-Br, que é uma prévia do Produto Interno Bruto, teve queda de 0,11% em janeiro em relação a dezembro, o menor resultado para o mês desde 2012.

Analistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Banco Bradesco afirmaram que “a queda do IBC-Br reforça nossa expectativa de retração do PIB no primeiro trimestre”. Segundo o economista da consultoria Tendências, Rafael Bacciotti, os resultados negativos do índice devem ficar mais fortes nas leituras de fevereiro de 2015. Ainda segundo o especialista, a produção industrial e o varejo não tiveram sinais muito favoráveis e, mesmo com resultados positivos na margem de janeiro, apresentaram desempenhos negativos importantes na comparação com 2014.

Bacciotti ainda revelou que o primeiro semestre de 2015 deve registrar um movimento mais intenso de retração da economia neste ano. Para o segundo semestre deve haver uma pequena recuperação. A estimativa da Tendência para o PIB de 2015 é de recuo de 1,2%.

Confirmando o quadro, o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, afirmou que a queda do IBC-Br em janeiro fica abaixo do estimado pela instituição financeira e demonstra o momento recessivo. “Em linhas gerais, o IBC-Br retrata a atividade fraca e mostra um começo de 2015 de contração. É provável que em fevereiro permaneça, já que o varejo não deve contribuir como foi em janeiro, apontando para o quadro recessivo para o primeiro trimestre e para o ano”, disse o economista.

Segundo Serrano, o esgotamento do ciclo de consumo, a restrição ao crédito e deterioração do estoque de capital – consequência da queda de investimento há mais de um ano e efeito negativo da oferta – contribuem para o cenário recessivo. Assim, o economista avaliou que a projeção do PIB para 2015, em 0,5 negativo, deve ser, na verdade, uma queda próxima a 1% no PIB.

Lembramos que a atividade brasileira começou mal em 2015, segundo Rodrigo Alves de Melo, economista-chefe da Icatu Vanguarda, “este ano começou com o pé esquerdo”. O economista ressaltou que a sinalização é de que tanto a oferta quanto a demanda interna estão enfraquecidas, reforçando um resultado ruim para o PIB no primeiro trimestre.

Thais Zara, economista-chefe da Rosemberg Associados, descartou a possibilidade da queda do IBC-Br ter alguma relação com as medidas anunciadas pela equipe econômica do governo Dilma, chefiada pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy. Porém, Zara afirmou que os efeitos do ajuste fiscal proposto por Levy e as consequências na economia da operação Lava Jato devem afetar os resultados do IBC-Br a partir dos próximos meses. “Vai ter uma piora, não só em consequência ao ajuste fiscal, mas devido a toda a conjuntura econômica”, alertou. (Por Danielle Cabral Távora)

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