Israel vai às urnas para decidir futuro político de Benjamin Netanyahu

benjamin_netanyahu_08Dúvida no ar – “Vote no Likud”, pede uma voz que sai de um alto-falante em uma rua de Kiryat Gat, pequena cidade no sul de Israel. Miri Emkez pendura cartazes eleitorais, que mostram um descontraído Benjamin Netanyahu. A jovem é uma fiel seguidora do partido conservador Likud, pelo qual o primeiro-ministro concorre às eleições de terça-feira (17).

Ela não pode imaginar ter um chefe de governo que não seja “Bibi”, como Netanyahu é chamado pelos israelenses. “De repente, as pessoas começaram a dizer que estão fartas, mas elas têm memória curta. Desde que Bibi está no poder, temos paz por aqui”, diz Emkez. “Não há mais grandes ataques terroristas. Tudo o que quero é segurança para mim e minhas duas filhas.”

Segurança é o foco da campanha eleitoral de Netanyahu. De forma incansável, ele levanta a voz contra um acordo sobre o programa nuclear iraniano, que está sendo negociado com o Ocidente. O primeiro-ministro atiça temores em relação ao Hamas, ao Hezbollah e aos terroristas do chamado “Estado Islâmico”. A mensagem é clara: apenas Benjamin Netanyahu pode proteger Israel contra ameaças externas.

“Se fala muito na questão de segurança, mas isso não é algo que está em nossas mãos”, contra-argumenta Nir Kramer, militante da campanha eleitoral da aliança de centro-esquerda União Sionista. Num cruzamento de Tel Aviv, Kramer distribui panfletos e bandeirinhas de carro da aliança partidária, pois acredita que a mudança de governo faria com que Israel progredisse. “Para nós, a economia e as questões sociais são mais importantes.”

Custo de vida alto

Na verdade, o aumento dos aluguéis e os preços elevados dos alimentos são os temas que dominam as discussões cotidianas de muitos israelenses. Segundo um relatório publicado recentemente, os aluguéis aumentaram em 30% nos últimos cinco anos, e os preços dos imóveis, em 55%.

“Desta vez, as políticas econômica e social estão em primeiro plano”, diz Rafi Smith, especialista em pesquisas de opinião. “Há 40 anos esses temas não influenciam uma eleição em Israel de forma tão clara.”

Os candidatos da União Sionista entenderam essa ânsia popular: Isaac Herzog e Tzipi Livni prometem, em caso de vitória, criar um conselho que tomará medidas contra o aumento dos aluguéis. Eles também querem investir mais em projetos sociais e educacionais. Herzog e Livni pretendem se alternar no cargo de primeiro-ministro a cada dois anos.

Desejo de mudança

Herzog apresenta-se como um político próximo ao cidadão. Ele tem viajado muito ultimamente, na tentativa de reforçar sua imagem. Entretanto, é visto por muitos como alguém de pouco carisma, o que provoca um dilema em alguns eleitores.

“Há muitas pessoas que não estão satisfeitas com Netanyahu, elas querem uma mudança. Mas muitos também não veem como Herzog poderia governar um país como Israel”, diz Tamir Sheafer, cientista político da Universidade Hebraica, em Jerusalém.

“Não sei realmente dizer quem será o próximo primeiro-ministro de Israel”, admite Smith. Seu Instituto Smith faz regularmente enquetes com centenas de israelenses sobre suas intenções de voto. Mas desta vez, os resultados das pesquisas são acirrados demais para se fazer uma previsão confiável, diz. De acordo com as últimas sondagens, a União Sionista está ligeiramente à frente do Likud, mas muitos israelenses ainda estão indecisos.

Grande risco

Netanyahu tinha bons níveis de popularidade até o final do ano passado e, possivelmente, considerava ter boas chances de vitória.

“Ele foi quem quis esta eleição”, observa Dana White, comentarista política na TV israelense. “Com isso, Netanyahu assumiu um grande risco, porque ele provavelmente teria tido pela frente mais dois anos seguros de mandato. Ele deve ter pensado que venceria [as eleições] com facilidade.”

Analistas políticos acreditam que, nesta terça-feira, o Likud tem que tomar cuidado para não perder muitos votos para outras forças de direita, como para o antigo correligionário de Netanyahu, Moshe Kahlon, que concorre pela primeira vez com o seu partido Kulanu, ou para o nacional-religioso e de direita Habait Jehudi (Lar Judaico), liderado por Naftali Bennett.

Também os ultraortodoxos querem, depois de dois anos na oposição, voltar ao governo – como é o caso de Yair Lapid, do partido Yesh Atid (Há Futuro). Lapid foi ministro das Finanças até que Netanyahu acabou com a coalizão.

Além disso, o desempenho da nova aliança árabe é aguardado com expectativa. Quatro partidos árabes se uniram para formar uma chapa que pode se firmar como terceira força parlamentar, preveem as pesquisas. (Deutsche Welle)

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