Boca de urna dá empate em Israel; Benjamin Netanyahu reivindica vitória

(Nir Elias - Reuters)
(Nir Elias – Reuters)
Olho mecânico – As pesquisas de boca de urna encomendadas pelos principais canais de televisão de Israel indicam que o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, do partido Likud, empatou com Isaac Herzog, da União Sionista, nas eleições legislativas desta terça-feira (17). O resultado oficial será conhecido nesta quarta. Pela primeira vez na história, a lista formada por partidos árabes-israelenses deve ficar em terceiro lugar, com 13 parlamentares.

Qualquer que seja o vencedor do pleito, a formação de um próximo governo se anuncia um difícil desafio. O Channel 10 e o Channel 1 (público) afirmaram que tanto o Likud quanto a União Sionista obtiveram 27 assentos no Parlamento, de 120 membros. Já o Channel 2 disse que Netanyahu conquistou uma apertada vitória, garantindo 28 cadeiras, contra 27 para Herzog.

Apesar das parciais, o premiê reivindicou “uma grande vitória”. Em sua conta no Twitter, ele declarou que, “contra todos os prognósticos”, o seu partido venceu a eleição. “Uma grande vitória para o povo de Israel”, repetiu o líder conservador.

Para compor um novo governo, o atual premiê precisaráia contar com 60 parlamentares. Para isso, ele deverá conquistar uma aliança com o líder do partido de centro-direita, Moshé Kahlon, para o qual Netanyahu prometeu o Ministério das Finanças de Israel, caso vença o pleito. O partido centrista deve eleger 10 deputados.

Sem Kahlon, Netanyahu teria dificuldades para reunir mais do que 54 cadeiras do Parlamento, contando com os aliados nacionalistas e ultra-ortodoxos. Até o momento, Kahlon preferiu manter o suspense sobre o que faria depois das eleições.

Guinada à direita

Mais de 5,8 milhões de eleitores estavam aptos a participar das eleições antecipadas israelenses, que se transformaram em um referendo sobre a permanência no cargo do atual primeiro-ministro, que convocou a votação. Diante das últimas pesquisas de intenções de voto, que indicavam a derrota de Netanyahu, o premiê deu uma guinada à direita em sua campanha. Ele chegou a prometer que, durante o seu mandato, não haveria acordo para a criação de um Estado para os palestinos.

Agora, por mais apertado que seja o resultado, o conservador parece ser o melhor colocado para ser convocado pelo presidente Reuven Rivlin para formar um novo governo. Se essa escolha se confirmar, será o terceiro mandato consecutivo de Netanyahu como primeiro-ministro, cargo que ele assumiu em 2009. Anteriormente, ele já tinha comandado o posto de 1996 a 1999.

Árabes-israelenses com força

Os partidos árabes-israelenses saborearam um avanço histórico nas urnas. De acordo com a boca de urna do Channel 2 e o Channel 10, a lista formada por quatro partidos com candidatos judeus e árabes vai eleger 13 deputados e será a terceira força política do Parlamento, um resultado jamais alcançado. O Channel 1 afirma que eles terão 12 cadeiras.

Os árabes-israelenses são descendentes de palestinos que permaneceram no território antes da criação de Israel, em 1948. Eles representam cerca de 20% da população do país. Na configuração atual do Parlamento, 11 deputados eram dessa origem.

Com os resultados destas eleições, os árabes-israelenses terão um papel importante para a eventual formação de um governo de coalizão pela União Sionista, de Herzog. Durante a campanha, eles desconversavam a cada vez que eram questionados se apoiariam o líder trabalhista.

Pressão palestina

Nesta terça-feira, o negociador-chefe palestino no Tribunal Penal Internacional, Saeb Erakat, indicou que os palestinos vão intensificar seus esforços diplomáticos para processar os líderes israelenses nesse órgão. A declaração foi feita declarou pouco depois da divulgação de pesquisas de boca de urna em Israel.

“Está claro que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu formará o próximo governo e, por isso, dissemos claramente que vamos à Corte de Haia. Vamos acelerar, continuar e intensificar” a ofensiva diplomática, frisou Erakat. (Com RFI)

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