Fugindo da raia – Enfrentando a mais grave crise político-institucional desde que chegou ao poder central, em janeiro de 2011, a presidente Dilma Vana Rousseff esteve em Goiânia nesta quinta-feira (19), onde participou da cerimônia de assinatura da ordem de servico do BRT Norte-Sul, na capital dos goianos. Na ocasião, dilma pediu “tolerância” e afirmou que “todos temos a obrigação de respeitar a democracia”.
Antes de a presidente chegar a Goiânia, um forte esquema de segurança foi montado para evitar a aproximação de manifestantes que eventualmente protestassem contra o governo. Ou seja, Dilma pede tolerância à população, mas não quer ouvir os protestos daqueles que não mais suportam a grave crise econômica e a corrupção desenfreada.
“Nós somos um País um país democrático, em que a gente disputa durante a eleição. Acabou a eleição, eleitos aqueles que o povo escolheu, a gente passa a governar”, declarou a presidente, após ouvir o discurso amistoso do governador goiano Marconi Perillo (PSDB).
“Os nossos caminhos, governador, sempre se encontraram porque nós somos republicanos e democratas. Nós temos a noção da coisa pública e respeitamos uma das questões fundamentais no nosso País, porque foi conquistada com muito esforço, com muita dor, foi conquistada num processo que muitas pessoas mais novas não viveram, conquistada apesar de prisões, de exílios e de mortes. Temos obrigação de respeitar a democracia”, completou Dilma.
A presidente da República continua abusando do palavrório visguento, que serve apenas para ludibriar a parcela incauta da opinião pública. Alguém que fala em democracia e ordena uma blindagem típica de ditadores não tem autoridade para comandar o País, mesmo que sua eleição tenha sido legítima, até prova em contrário. Não se pode esquecer que Dilma, não faz muito tempo, disse que prefere o ruído da democracia ao silêncio do totalitarismo.
“Muro da vergonha”
A decisão covarde de Dilma Rousseff,, de se esconder da população, mereceu críticas no Congresso Nacional por parte da oposição, começando pelo líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO), que rotulou a blindagem patrocinada pelo Palácio do Planto como “muro da vergonha”.
“A capital do meu Estado que represento e tenho orgulho de falar por ele está vivendo uma situação jamais vista em qualquer lugar do país. A presidente Dilma resolveu ir a Goiânia e não tem condições de ser recepcionada em um lugar onde não tivesse sitiada por um muro, o muro da vergonha. Isso é grave e mostra que o momento que estamos vivendo é extremamente delicado. A presidente se ‘auto-impeachmou’ ao optar pelo isolamento”, protestou o senador.
“A presidente da República está ilhada, é prisioneira no Palácio do Planalto sem poder caminhar pelo País, sem poder falar com o povo que a elegeu. Estamos assistindo à economia se desintegrando, à crise política como vimos no episódio de ontem da Câmara dos Deputados, a falta de credibilidade para combater a corrupção. Isso mostra que a crise de ingovernabilidade atinge patamares preocupantes. As decisões já não repercutem mais, a presidente não é mais porta-voz da sociedade brasileira”, disse Caiado ao fazer referência ao entrevero protagonizado por Cid Gomes, agora ex-ministro da Educação.