Caixa forte – A FIFA teve lucros recordes com a Copa do Mundo no Brasil em 2014, acima até mesmo do que a entidade previa, enquanto que o país, ficou com os estádios deficitários, fechados e até afetados pela Operação Lava Jato.
Segundo informações do jornal “O Estado de S. Paulo”, o balanço comercial, ainda em sigilo, mostra que o Mundial rendeu à entidade perto de US$ 5 bilhões, ou seja, R$ 16 bilhões. Foi um recorde, a última Copa do Mundo de Futebol deu à Fifa o maior resultado financeiro de sua história.
Enquanto o mundo passa sua pior crise financeira em 70 anos, a entidade segue um caminho bem diferente graças aos contratos no Brasil. Só ano passado a renda foi de quase US$ 2 bilhões, um recorde absoluto com contratos comerciais, vendas de ingressos e direitos de televisão.
Nenhum outro evento jamais se comparou aos ingressos gerados pelo Brasil, e vale lembrar, sem a cobrança de impostos. Só para efeito de comparação, na Copa de 2010, na África do Sul, a renda chegou a US$ 4,1 bilhões. Em 2006, ano de renda máxima na história da entidade, os ingressos chegaram a US$ 249 milhões. No Brasil, os valores foram dez vezes maiores.
A FIFA afirma que deixou parte dessa renda no Brasil, cerca de US$ 100 milhões para o desenvolvimento do futebol no país. Mas a entidade não revela é que este valor é equivalente ao que paga, por ano, em salários a seus próprios cartolas.
Por outro lado, a situação dos estádios brasileiros está bem difícil. Seis dos 12 estádios da Copa estão com sérias dificuldades para se financiar. Na Fonte Nova, em Salvador, o problema é o impacto dos escândalos de corrupção no Brasil e a Operação Lava Jato. A OAS, empresa que administra o estádio teve suas ações bloqueadas pela Justiça e pode ser obrigada a se desfazer do investimento na arena.
A Arena Amazônia, que custou R$ 670 milhões, precisa de R$ 700 mil por mês para sua manutenção. Porém, entre o final da Copa e fevereiro deste ano, o estádio recebeu apenas sete partidas e o prejuízo supera a marca de R$ 2 milhões. O campeonato amazonense de futebol de 2015 tem recebido um público pagante de 659 pessoas por jogo, em média. Para complicar a situação, os times amazonenses têm evitado usar o estádio diante dos custos para os jogos do estadual. Em Brasília, o estádio Mané Garrincha tem um rombo de mais de R$ 5 milhões.
Em Natal, o ABC rompeu recentemente um acordo com o consórcio que administra a Arena das Dunas. O América, time local, manteve seus jogos na Arena. Mas, em sete partidas, acumulou média de meros 3,5 mil pagantes por jogo – 10% da capacidade do estádio. Enquanto isso, o Maracanã luta para manter seus lucros. Para que uma partida represente um benefício para os administradores, o estádio precisa contar com pelo menos 30 mil torcedores. No campeonato estadual, a média de público não passa de 3,6 mil por jogo. No caso do Flamengo, a média é de 16 mil. No início do ano, a Arena Pantanal foi obrigada a fechar suas portas para uma reforma “urgente”, somente sete meses depois da Copa. (Por Danielle Cabral Távora)