Citada na lista do Petrolão, Gleisi acusa estudantes pobres de golpe no seguro-desemprego

gleisi_hoffmann_21Pela tangente – Falta de bom senso é a marca registrada de Gleisi Helena Hoffmann (PT). Senadora pelo Paraná e constando da fatídica lista do procurador Rodrigo Janot como receptora de R$ 1 milhão do esquema do Petrolão, Gleisi protagonizou na última semana uma cena absolutamente constrangedora durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal. Em desastrada tentativa de explicar os cortes de direitos trabalhistas e previdenciários determinados pelo governo da “companheira” Dilma Vana Rousseff, a senadora acusou estudantes pobres (do terceiro ano ensino médio no Paraná) de aplicarem um golpe para burlar a lei e receber o seguro-desemprego (https://www.youtube.com/watch?v=jnstciJCbuM).

A tentativa de Gleisi de justificar as medidas que a “presidenta” alegou que não seriam tomadas, “nem que a vaca tossisse”, ultrapassou as fronteiras do ridículo. Antes de lançar acusações contra os estudantes, Gleisi deveria oferecer explicações convincentes sobre seu envolvimento no esquema criminoso de propinas que sangrou os cofres da Petrobras. Afinal, se um estudante forçar uma demissão para levar o seguro-desemprego, estará lesando a Previdência em, no máximo, R$ 788,00, valor correspondente a um salário mínimo. Mesmo assim, uma transgressão não justifica outra.

A própria Gleisi Hoffmann, somente no caso delatado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e confirmado pelo doleiro Alberto Youssef, lesou a Petrobras em R$ 1 milhão, montante 1269 vezes maior que o valor do salário mínimo.

Por questão de mero bom senso, Gleisi, na condição de titular absoluta da lista de Rodrigo Janot, deveria abster-se de posar como moralista indignada. O papel não apenas não lhe cai bem, como fica grotesco. Revelações recentes, que vieram à tona na esteira da Operação Lava-Jato, mostram que Gleisi teve seu patrimônio aumentado em 200% nos últimos anos. A senadora foi uma das principais beneficiadas com doações “por dentro” das principais empreiteiras implicadas no esquema do Petrolão, cujos diretores estão presos no cárcere da Polícia Federal, em Curitiba.

Com esse prontuário, o mais prudente seria o silêncio obsequioso, não sem antes apresentar explicações críveis (se possível) em lugar de apontar o dedo acusador para quem quer que seja em assuntos de ética e honestidade. Especialmente porque os indícios contra Gleisi não param de surgir.

Queimando a mão

O Ministério Público começou a investigar sinais consistentes de superfaturamento e pagamento de propina em obras da Refinaria Getúlio Vargas – Repar, localizada em Araucária, município da Região Metropolitana de Curitiba. As empresas NM e a Engevix são investigadas na esteira de um contrato de R$ 100 milhões. A Engevix é uma das mais generosas doadoras das campanhas de Gleisi.

Esses novos indicativos da situação complicada da senadora não intimidaram o presidente do PT, Rui Falcão, que passou por Curitiba no último sábado (21) para um congresso do partido. Temerário, Falcão afirmou aos jornalistas que seria capaz de “colocar a mão no fogo” pela idoneidade moral de Gleisi Hoffmann.

Na parte da reunião fechada à imprensa o cacique petista foi menos “aloprado” e mais cauteloso diante dos riscos de chamuscamento político. Também foi menos convincente. Suas tentativas de argumentar com a já minguada militância que as doações recebidas das empreiteiras que desviaram recursos da Petrobras eram “legais” foram recebidas com o merecido ceticismo e desânimo por petistas paranaenses, sendo muitos dos quais já pensam em desfiliar-se do partido e debandar.

A tese mais instigante e surpreendente de Rui Falcão no encontro fechado foi, parodiando Marx, de que o PT é dominado pela “cretinice parlamentar”. Esse tipo de raciocínio, no entanto, só serviu para aprofundar o clima de salve-se quem puder que vive o partido no Paraná.

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