STF abre inquérito para investigar José Agripino, presidente do DEM, acusado de cobrar propina

jose_agripino_19Na mira – O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu abrir inquérito para investigar o presidente nacional do Democratas, senador José Agripino Maia (RN), atendendo a pedido encaminhado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Um dos principais e mais ácidos opositores do governo da petista Dilma Rousseff, o senador potiguar foi citado na delação premiada de um empresário do Rio Grande do Norte na qual é acusado de ter cobrado propina de R$ 1 milhão para permitir um esquema de corrupção no serviço de inspeção veicular do Estado, conforme noticiou o UCHO.INFO na edição de 24 de fevereiro passado.

O caso chegou ao Supremo neste mês e a decisão de abertura de inquérito foi tomada pela ministra relatora do caso, Cármen Lúcia, na última sexta-feira (20). O processo tramita na Corte em segredo de Justiça.

Em depoimento ao Ministério Público do Rio Grande do Norte, na esteira de delação premiada, o empresário George Olímpio afirmou que, além de José Agripino, participavam do esquema criminoso a ex-governadora do Rio Grande do Norte e atual vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB), seu filho Lauro Maia, o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PMDB), e o ex-vice-governador Iberê Ferreira (PSB), falecido em setembro do ano passado. Todos negam envolvimento no caso.

Segundo o delator, o acerto com Agripino teria acontecido durante encontro no apartamento de cobertura do senador, em Natal. “A informação que temos é que você deu R$ 5 milhões para a campanha do Iberê”, teria dito o senador. George Olímpio, por sua vez, respondeu que doou R$ 1 milhão para a campanha do ex-vice e prometeu entregar R$ 200 mil imediatamente ao senador e outros R$ 100 mil na semana seguinte. “Aí ficam faltando R$ 700 mil”, teria dito Agripino. O empresário interpretou o comentário do senador como uma “chantagem”. “O R$ 1,15 milhão foi dado em troca de manter a inspeção”, disse o empresário.

De acordo com os promotores, George Olímpio teria montado um esquema que envolveria as principais autoridades do Estado para aprovar uma lei que criava o sistema de inspeção veicular no Rio Grande do Norte. A aprovação da lei, segundo as investigações, teria ocorrido à margem dos trâmites legais. O esquema de corrupção no Estado é investigado pela “Operação Sinal Fechado”, deflagrada em 2011, e o empresário George Olímpio é réu no processo.

José Agripino, que nega participação no esquema, disse desconhecer o pedido de abertura de inquérito no STF. “Não fui comunicado de nada e o que eu posso lhe dizer é que se trata de um reposicionamento por parte de alguém que foi a cartório declarar o contrário do que se supõe estar declarando agora. Trata-se de um processo que já foi apreciado na Procuradoria-Geral da República e arquivado. Eu não tenho informação sobre as razões que estariam levando à reabertura desse assunto”, afirmou Agripino ao jornal “O Estado de S. Paulo”.

Agripino alega que o delator teria registrado em cartório declaração na qual nega o teor das acusações feitas em delação premiada. O senador afirma que o caso já havia sido analisado pela Procuradoria-Geral da República e arquivado por “inexistência de indícios mínimos”. O parlamentar diz desconhecer os motivos que teriam levado à reabertura do caso.

O documento registrado em cartório a que se refere José Agripino traz a informação de que o empresário jamais teria lhe dado qualquer quantia, mas o delator, de acordo com os promotores, mudou de ideia em 2014.

José Agripino confirma que recebeu o empresário em sua cobertura em Natal, assim como em seu apartamento em Brasília, pois Olímpio seria “parente de amigos” de seu pai. O presidente nacional do DEM, contudo, nega ter cobrado ou recebido propinas. “Ele não me deu R$ 1 milhão coisíssima nenhuma. Eu nunca pedi nenhum dinheiro, nenhum valor, conforme ele próprio declarou em cartório”, disse o senador quando o caso veio à tona, em fevereiro. “É uma infâmia.”

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