Lava-Jato: doleiro coloca o PT em dificuldade e afirma que mandou entregar dinheiro a Vaccari Neto

alberto_youssef_02Bola da vez – Um dos dois principais delatores da Operação Lava-jato, da Polícia Federal, o doleiro Alberto Youssef mais uma vez colocou o PT em situação de dificuldade. Nesta terça-feira (31), em depoimento à Justiça Federal do Paraná, o doleiro afirmou que um dos seus funcionários entregou “400 e poucos mil reais” ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, em frente ao prédio do diretório nacional do partido, na capital paulista.

Youssef disse também que o dinheiro foi entregue a tesoureiro petista a pedido da multinacional Toshiba. O “trem pagador” da propina foi Rafael Ângulo, segundo o delator.

De acordo com o doleiro, Ângulo entregou o dinheiro da propina a um empregado da Toshiba na frente do prédio onde funciona o diretório petista, tendo assumido o compromisso de repassar a quantia a Vaccari.

A Secretaria de Finanças do PT, comandada por Vaccari Neto, afirmou, em nota, que o tesoureiro petista “nega veementemente” que tenha recebido qualquer quantia em dinheiro de Youssef ou de algum de seus representantes. O comunicado enfatiza uma suposta contradição nos depoimentos prestados pelo doleiro à Justiça Federal.

“Chama a atenção o fato de que, na delação realizada em fevereiro, Youssef afirmou que uma suposta entrega do dinheiro teria sido feita em um restaurante em São Paulo. No depoimento de hoje, se contradiz e afirma que foi na frente da sede do PT”, ressalta a nota.

Também através de nota, a Toshiba disse ter prestado “todas as informações para a autoridade responsável”. De acordo com a multinacional japonesa, “a Toshiba não tem comentários a fazer.”

O depoimento de Alberto Youssef nesta terça-feira se deu à sombra de um processo judicial sobre o uso do laboratório Labogen para a lavagem de dinheiro proveniente do Petrolão e de outras atividades ilícitas. De acordo com as investigações da Lava-Jato, o laboratório-lavanderia tinha o doleiro como sócio oculto.

A cunhada do tesoureiro

Youssef afirmou à Justiça Federal que pagou pessoalmente, a mando da Toshiba, R$ 400 mil para a cunhada de João Vaccari Neto. Os dois pagamentos de R$ 400 mil, de acordo com o doleiro-delator, saíram de uma empresa registrada em nome de Waldomiro de Oliveira, a MO Consultoria, apontada pelo Ministério Público como sendo de fachada e de propriedade de Alberto Youssef.

“Eu cheguei a usar uma das empresas do Waldomiro para fazer uma operação para a Toshiba, onde eu pude então não só pagar o PP e o Paulo Roberto Costa [ex-diretor da Petrobras e delator na Lava Jato], mas sim também pagar o PT. Na verdade, foram dois valores de 400 e poucos mil reais que foram entregues a mando da Toshiba para o tesoureiro do PT, o Vaccari”, revelou o doleiro ao juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável, na primeira instância, pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato.

“O primeiro valor foi retirado no meu escritório, na Renato Paes de Barros [rua da zona sul da capital paulista], pela cunhada dele. Eu entreguei pessoalmente. O segundo valor foi entregue na porta do diretório do PT nacional pelo meu funcionário Rafael Angulo para o funcionário da Toshiba, para que ele pudesse entregar para o Vaccari”, enfatizou o doleiro.

Estica e puxa

Enquanto Alberto Youssef revela alguns detalhes do esquema criminoso que funcionou durante uma década na Petrobras, o ex-presidente Lula cobra dos “companheiros” a defesa incondicional do partido e do governo sem rumo da sua pupila, a presidente Dilma Rousseff. Embusteiro conhecido, Lula pode apelar a qualquer estratégia, mas será difícil, quase impossível, provar que o PT nada tem a ver com o maior escândalo de corrupção da história da humanidade.

A Lula cabe o direito de tentar, assim como aos brasileiros de bem cabe o direito de acreditar ou não na cantilena visguenta que escorre pelo canto da boca do mais novo lobista de empreiteira.

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