À beira do caminho – No início da tarde desta terça-feira (7), o PMDB decidiu não aceitar a transferência do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, para o comando da articulação política do Palácio do Planalto. O convite foi feito na segunda-feira (6) pela presidente Dilma Rousseff, que acatou uma sugestão do ex-presidente Lula, aconselhando-a a abrir mais espaço para o PMDB no governo federal.
Com a decisão do PMDB, a presidente da República deverá decidir se mantém Pepe Vargas na Secretaria de Relações Institucionais, que tem sido alvo de críticas de integrantes da base governista desde a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados, na qual o candidato apoiado pelo Planalto foi derrotado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Dilma ainda terá de decidir se troca o comando do Ministério do Turismo, substituindo Vinicius Lages, afilhado político do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
O intento de levar Eliseu Padilha para a articulação política foi ironizada pelos peemedebistas do Congresso Nacional, chamando-a de “Operação Tabajara”. Em resposta a essa operação, o PMDB vai desengavetar na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limita a 20 o número de ministério na administração pública federal.
Essa ideia tem sido defendida amplamente por Renan Calheiros e Eduardo Cunha, embora ambos tenham seus respectivos afilhados na máquina do governo federal.
A negativa
O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, havia sido convidado pela presidente Dilma Rousseff para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais. Porém, desde o início, Padilha havia demonstrado resistência para mudar de pasta. Essa informação foi passada por alguns integrantes da cúpula do PMDB, que acompanharam as reuniões realizadas na noite desta segunda-feira (6), em Brasília, após o aceno de Dilma. Os encontros para discutir o tema vararam a madrugada.
Na primeira reunião, no gabinete do vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, o ministro teria hesitado sobre o convite e ressaltado que está satisfeito na atual pasta. Padilha também integra o chamado núcleo político estendido, criado por Dilma para acomodar a legenda, o PSD e o PC do B nas discussões de propostas do governo.
No PMDB, prevalece o sentimento de que o modelo adotado por Dilma na SRI não é o ideal. Peemedebistas alegaram que o ministro da pasta não tem nenhuma autonomia para tomar decisões, e que por isso, é alvo constante de ataques dos “aliados”.
Diante o cenário, segundo relatos de integrantes do partido, no encontro no gabinete de Temer, o ministro Eliseu Padilha chegou até a comparar a SRI a um “cemitério de políticos”.
Nas negociações da ida de Eliseu Padilha para a SRI também estava inclusa a busca por uma cadeira na Esplanada para o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Caso Padilha aceitasse ir para a articulação, a Aviação Civil ficaria vaga. Mas, Henrique Alves deseja ir para o ministério do Turismo, que está ocupado por Vinicius Lages, apadrinhado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Vale ressaltar que o presidente do Senado também esteve presente na reunião do PMDB na noite de segunda-feira. Calheiros tem dito a pessoas próximas que não vê problemas em Henrique Alves ocupar o Turismo, assim como a resistência ao nome do ex-deputado para ocupar um cargo na Esplanada dos Ministérios está em Dilma, não nele. (Por Danielle Cabral Távora)