CPI da Petrobras: deputado petista quer reabrir a Operação Castelo de Areia, que flagrou Michel Temer

michel_temer_22Atirando a esmo – A queda de braço entre a presidente Dilma Rousseff e a bancada do PMDB na Câmara dos Deputados e no Senado Federal parece não ter fim. Ao barrar a ida de Eliseu Padilha, atual ministro da Secretaria de Aviação Civil, para a coordenação política do governo petista, em substituição a Pepe Vargas (Secretaria de Relações Institucionais), o PMDB mandou mais um duro recado à presidente da República. O partido não quer compactuar com um governo que começou como se estivesse no final, até porque a cúpula peemedebista já fala em ter candidato próprio em 2018 para disputar a corrida presidencial.

Se por um lado o convite feito a Eliseu Padilha foi uma forma de o governo acalmar as relações com o PMDB no Congresso Nacional, por outro o PT vem atuando nos bastidores para azedar a convivência com o maior partido da base aliada. Essa briga de foice é previamente estudada, de parte a parte, com direito a idas e vindas, de acordo com a tensão do cabo de guerra que separa as duas legendas.

Na conturbada CPI da Petrobras, que funciona na Câmara, o deputado federal Jorge Solla (PT-BA) protocolou nesta terça-feira (7) três requerimentos para aprofundar as investigações da Operação Castelo de Areia, realizada pela Polícia Federal em 2009, mas que foi anulada por inexplicável decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Durante a Castelo de Areia, a PF apreendeu na Construtora Camargo Corrêa uma contabilidade paralela que continha nomes de políticos beneficiados por dinheiro de caixa 2. O foco da operação policial era a participação de empreiteiras em esquema de cartel, corrupção e pagamento de propinas a agentes públicos, políticos e partidos.

Na última semana, o presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, disse em depoimento, no âmbito de delação premiada, ter pago propina na obra da Ferrovia Norte-Sul. Preso em 2010 por fraudes em contratos com Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Avancini era o responsável da Camargo Corrêa no consórcio que está sendo investigado no caso do Metrô de São Paulo.

No Brasil, assim como e vários países ao redor do planeta, política não se faz com base nos interesses do cidadão e nas necessidades do Estado, mas no vácuo de uma obcecada briga pelo poder. Por isso é compreensível a troca de farpas entre oposição e situação.

Sendo assim, a movimentação de Jorge Solla para reabrir a Operação Castelo de Areia se justifica, além de encontrar eco no Ministério Público Federal. A grande questão é que, em 2009, a PF encontrou na contabilidade paralela da Camargo Corrêa o nome de Michel Temer como beneficiário do caixa 2 da empreiteira. Para um partido que vem enfrentando dificuldades sérias e crescentes no Legislativo, o PT está adotando uma postura suicida.

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