Sol quadrado – Na décima primeira etapa da Operação Lava-Jato, batizada de “A Origem”, a Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (10) três ex-deputados federais acusados de envolvimento no Petrolão, o maior escândalo de corrupção de todos os tempos. Foram presos o ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas Ilário (sem partido), e o ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE) e Luiz Argôlo (SD-BA).
O nome “A Origem” se deve ao fato de que as provas que possibilitaram as prisões efetuadas nesta manhã foram colhidas logo nos primeiros passos da Operação Lava-Jato, deflagrada pela PF em março de 2014.
Investigado por múltiplos envolvimentos com o esquema criminoso comandado pelo doleiro Alberto Youssef, o ex-petista André Vargas foi preso na esteira de uma operação envolvendo agências de publicidade que prestam serviços a órgãos da administração federal. A agência de publicidade Borghierh Lowe Propaganda e Marketing Ltda., que detém contas publicitárias da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde, teria contratado serviços das empresas E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu Filmes para a realização de serviços de publicidade para os mencionados órgãos públicos, orientando-as a realizar pagamentos de comissões de bônus de volume (conhecido no mercado publicitário como BV) nas contas bancárias das empresas Limiar e LSI, ambas controladas por André Vargas e seus irmãos.
Vargas (sem partido) foi preso em Londrina (PR) e muitos políticos estão preocupados com o que pode revelar à PF o ex-presidente da Câmara dos Deputados, que enquanto esteve no cargo operou de forma acintosa nos subterrâneos do governo federal, atuação que contava com a anuência explícita do Palácio do Planalto. Mergulhada em oceano de preocupação está a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), acusada de ter recebido R$ 1 milhão do Petrolão e que até meados de 2014 tinha André Vargas como coordenador de sua fracassada campanha ao Palácio Iguaçu, sede do Executivo paranaense.
De acordo com o delegado Marcio Anselmo, da Polícia Federal, alguns contratos de publicidade estão vigentes. Uma das empresas de Vargas encerrou as atividades em dezembro de 2014. O juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos judiciais decorrentes da Lava-Jato, decretou a prisão temporária por cinco dias de Leon Denis Vargas Ilário, irmão de André Vargas, e de Ricardo Hoffmann, dirigente da empresa Borghi Lowe.
Nesta etapa, que conta com 80 policiais federais, estão sendo cumpridos 32 mandados judiciais: 7 de prisão, 9 de condução coercitiva e 16 de busca e apreensão nos estados do Paraná, Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal.
Estão sob investigação, nesta fase, os crimes de organização criminosa, formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude em licitações, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e tráfico de influência envolvendo três grupos dos ex-deputados. Também foi detida Eliá Santos da Hora, secretária de Argôlo. O outro preso, identificado como Ivan Mernon da Silva Torres, é apontado como “laranja” de Pedro Corrêa.
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde permanecerão à disposição da Justiça Federal. Como perderam a prerrogativa de foro, o caso dos ex-parlamentares ficará sob a responsabilidade do juiz Moro.
Diferentemente do que creem os integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, há muito mais casos bisonhos envolvendo André Vargas, empresários, o Ministério da Saúde e a Caixa Econômica Federal. Ainda na edição desta sexta-feira o UCHO.INFO trará novas informações sobre os tentáculos de Vargas nas coxias do governo petista de Dilma Vana Rousseff.