O outono chegou e a rinite também; saiba como se prevenir

rinite_01Na ponta do nariz – Rinite significa espirros, coriza e nariz entupido. Todo mundo tem, já teve ou ainda vai ter pelo menos uma crise, basta pegar uma gripe ou um resfriado passageiro, principalmente nesta época em que começa o outono.

Para uma parcela da população este quadro alérgico faz parte da rotina, pois é muito difícil se manter longe do pó, mofo, ácaros, pólen, pelos de animais ou produtos químicos. Nessas situações, o organismo reage, anticorpos são liberados e a mucosa nasal, inflamada, sofre as consequências.

O quadro é uma condição crônica que muitas vezes repele o tratamento receitado. Por isso, a Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial acaba de atualizar suas diretrizes para o controle da rinite alérgica. Além de nortear a detecção e o plano terapêutico, o guia propõe orientações para adotar em casa e ainda dá uma palavra sobre o papel da acupuntura e da fitoterapia.

Conheça algumas recomendações:

A importância do diagnóstico

Um dos desafios que a rinite alérgica impõe é o diagnóstico e como flagrar o que desperta as crises. Não por acaso, o documento americano começa reforçando a necessidade de o médico traçar minuciosamente o histórico do paciente e apurar os gatilhos e a presença de doenças relacionadas. Segundo o pneumologista Álvaro Cruz, da Universidade Federal da Bahia, asmáticos tendem a ter mais rinite, por exemplo. Se o fator desencadeante não é identificado nas consultas, testes de alergia (que usam a pele ou o sangue) são bem-vindos.

Animais de estimação

Sabemos que é difícil manter distância dos animais se você tem um deles em casa. Mas o novo guia pede atenção diante dos pets. Isso porque cães e gatos têm alérgenos que são liberados na saliva, na pele e na urina, além de acumular ácaros nos pelos. Tem gente que só tem alergia de gato e outros só de cachorro. Independentemente da espécie, o ideal é definir um espaço para o bicho, a fim de evitar que os pelos se espalhem pela casa, e lavar as mãos depois dos afagos. Dar banho ajuda, mas não traz melhoras em meio a uma crise.

O ar que você respira

O ar-condicionado pode ser um aliado porque serve como filtro contra a poluição que vem da rua. Isso desde que a manutenção do aparelho esteja em dia – e os fabricantes pedem que o filtro seja limpo com água a cada três meses, pelo menos. O ar mais gelado e seco em si não provoca rinite, mas pode deixar a mucosa nasal sensível. Daí o conselho de programar uma temperatura amena (entre 24 e 25ºC) e adotar um umidificador.

Extermínio de ácaros

Esses aracnídeos invisíveis a olho nu são responsáveis pela rinite de boa parte dos brasileiros. Gostam de lugares úmidos e quentes e se alimentam de restos de pele que se misturam à poeira. Para acabar com a festa, conservar a casa limpa e os armários secos é fundamental – e, de bônus, se evita outro patrocinador de alergias, o mofo. Na batalha contra o pó entram pano úmido e aspirador com filtros Hepa, que retêm melhor a poeira. Produtos contra ácaros também podem ser requisitados.

Cama pode ser a fonte do problema

Lençóis, cobertores, colchões e travesseiros são um prato cheio para os ácaros. Assim, trocar e lavar a roupa de cama com frequência (pelo menos uma vez por semana) é a primeira regra de ouro. O manual americano propõe o uso de capas impermeáveis e hipoalergênicas em colchões e travesseiros. Manter os quartos ventilados e a cama exposta ao sol também ajuda.

Para tratar sem sedar

Como antialérgicos têm fama de gerar aquela soneira, as novas diretrizes priorizam a prescrição de anti-histamínicos de segunda geração, que não têm o efeito sedativo típico da primeira classe dessas drogas. Essa nova geração tem outras vantagens: age mais rápido, pode ser usada por um período maior e não interfere no apetite.

Medicação

Há medicações que só devem entrar em cena em casos mais graves ou durante as crises. E o principal exemplo aqui são os corticoides, potentes anti-inflamatórios. Os especialistas prescrevem por poucos dias, uma vez que o uso prolongado pode causar retenção de líquido, aumento de peso, mal-estar e até osteoporose. Convém reforçar: como os antialérgicos, eles só devem ser empregados sob orientação.

Educação imunológica

E se treinássemos o sistema imune para ele deixar de hiperreagir toda vez que o corpo tem contato com ácaros ou pelos de animais? Esse é o princípio da imunoterapia, uma espécie de vacina que injeta baixas doses de alérgenos com o objetivo de neutralizar a resposta das nossas defesas diante desses corpos estranhos. O manual a coloca como opção quando a alergia é refratária a tratamentos convencionais – e as aplicações podem durar de dois a três anos.

Acupuntura

Pela primeira vez, o consenso da Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial se posiciona quanto ao uso da acupuntura: ela pode, sim, integrar o combate não medicamentoso à rinite alérgica. A aplicação das agulhas em pontos mapeados pela medicina tradicional chinesa poderia ser utilizada sozinha ou como complemento aos remédios. No Brasil, a técnica ainda não é reconhecida para substituir o tratamento padrão, e o que se alega é a carência de mais pesquisas comprovando seus benefícios. No entanto, ela está longe de ser contraindicada pelos especialistas.

Chá não é eficaz

Se a acupuntura recebeu o aval contra a rinite, o mesmo não se pode dizer da fitoterapia. O guia desencoraja o uso de ervas medicinais como tratamento, independentemente do meio (infusão, cápsula…). Faltam provas sobre sua segurança e eficiência e ainda existe o risco de efeitos colaterais e interações com remédios prescritos no consultório. Veja: não é que o chá da vovó está proibido, mas é importante saber que não será uma xícara quentinha que resolverá de vez uma crise de rinite. (Por Danielle Cabral Távora)

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