Polícia de SP investiga se ordem de execução na sede de torcida do Corinthians partiu do PCC

pavilhao_nove_02Agulha no palheiro – A Polícia Civil paulista investiga se houve a participação da facão criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no assassinato de oito torcedores da Pavilhão 9, torcida organizada do Corinthians, no último sábado (18). Entre as suspeitas, está a de que a ordem para execução pode ter partido de dentro de um presídio. A principal linha de investigação é de que uma das vítimas estaria envolvida em confrontos por pontos de venda de drogas. Os policiais também apuram se o crime tem relação com um duplo homicídio ocorrido em Osasco em março deste ano.

O delegado Luiz Fernando Lopes Teixeira, titular da 3.ª Delegacia de Chacinas do Departamento de Homicídio e de Proteção à Pessoa (DHPP), ao ser questionado se a facção criminosa estaria por trás da chacina, respondeu: “não podemos confirmar ainda, temos equipes na rua para verificar a veracidade das informações”.

De acordo com as investigações, a disputa que motivou a chacina estaria ligada ao tráfico de drogas na região da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na zona oeste da cidade, próximo da sede da torcida organizada. Além disso, há um mês, uma das vítimas da chacina na Pavilhão 9 teria se envolvido no assassinato de dois homens em Osasco, perto da divisa com São Paulo. “Nós temos essa informação, mas está sendo checada”, afirmou o delegado.

Por cautela, o delegado não quis dizer quem era o alvo dos criminosos. “Normalmente, apenas uma das vítimas é o alvo, mas quem está junto acaba morrendo também”, afirmou Teixeira.

Segundo o que já se apurou até o momento, pelo menos três homens participaram da chacina, usando pistolas de calibre 9 milímetros. Quatro pessoas sobreviveram à ação dos assassinos e devem ajudar a polícia a fazer o retrato falado dos bandidos.

A suspeita de que a chacina está ligada ao tráfico de drogas foi reforçada depois que a polícia identificou os apelidos de dois prováveis participantes da chacina. Segundo o delegado, o próximo passo dos investigadores é obter o nome completo dos possíveis assassinos. “As equipes estão na rua para ver se comprovam a participação dos dois”, revelou Teixeira.

Os investigadores chegaram até os suspeitos por meio de escutas telefônicas e relatos de testemunhas, que afirmaram terem visto dois bandidos de pele clara e “não muito altos”. Moradores da região da Ceagesp, onde supostamente estaria um dos pontos, também foram ouvidos.

Os agentes do DHPP afirmaram que dois dos oito homens assassinados na quadra da Pavilhão 9 haviam sido presos anteriormente sob a acusação de tráfico de drogas: Ricardo Prado, de 34 anos, e André de Oliveira, de 29. “Por enquanto, a linha mais forte é uma disputa por pontos de vendas de drogas”, disse o delegado Teixeira. “Se é uma disputa de um ponto (de droga) ou mais, não sabemos.”

O delegado já descartou a hipótese de briga entre torcidas organizadas como motivo para a chacina. Também afirmou não haver indícios de envolvimento de policiais na ocorrência.

Entre as vítimas do crime está Fábio Neves Domingos, de 34 anos, ex-presidente da Pavilhão 9. Domingos foi um dos 11 torcedores corintianos detidos em 2013 em Oruro, na Bolívia, depois que um sinalizador disparado pela torcida alvinegra matou o jovem Kevin Espada, de 14 anos, torcedor do San José, contra quem o Corinthians jogava pela Copa Libertadores da América. (Por Danielle Cabral Távora)

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