Força total – Um dia após a Justiça da Indonésia rejeitar recurso de um francês condenado à pena de morte por tráfico de drogas, a classe política da França decidiu manter sua ofensiva diplomática para tentar tirar Serge Atlaoui do corredor da morte. Na manhã desta quarta-feira (22), o primeiro-ministro, Manuel Valls, escreveu no Twitter que “defender Atlaoui é lembrar que a França se opõe firmemente à pena de morte”.
Em entrevista à televisão francesa, o secretário de Estado para as relações com o Parlamento, Jean-Marie Le Guen disse que Paris “trava um combate por um homem, mas também por um princípio, contra a pena de morte. Tenho certeza de que os franceses, em sua grande maioria, estão convencidos do quão abominável é este tipo de sanção”, declarou à televisão francesa. Ele evocou o “respeito à soberania” da Indonésia, mas garantiu que, “há meses, a ação diplomática francesa é intensa”.
Na terça-feira (21), o chanceler Laurent Fabius declarou ainda esperar um gesto de clemência do presidente Joko Widodo. “O que nos choca neste caso é, claro, a sorte de nosso compatriota, mas também o fato de que todo mundo reconhece que a participação dele no caso – supondo que ele tenha tido uma – foi ínfima, enquanto os indonésios que dirigiam a operação não foram condenados à mesma pena”, afirmou.
Inocência
Serge Atlaoui, de 51 anos, foi flagrado em 2005 em um laboratório de produção de ecstasy. Apesar de alegar inocência, ele está preso há dez anos e deve ser executado em breve com outros estrangeiros, entre eles o brasileiro Rodrigo Gularte. O acusado afirma que não sabia que a instalação produzia drogas, mas achava tratar-se de uma fábrica de acrílico. Ele teria simplesmente instalado máquinas industriais no local.
Em entrevista nos estúdios da “Radio France Internationale”, a ministra da Ecologia, Ségolène Royal, afirmou que o país manterá a pressão diplomática: “O presidente da República (François Hollande) já ligou para o presidente indonésio e o ministro das Relações Exteriores chamou o embaixador da Indonésia para mostrar que o governo francês está muito preocupado com um cidadão do país condenado à morte, o que nós somos contra”. De acordo com ela, “isso faz parte da diplomacia direta e, diante dessas intervenções no mais alto nível, acredito que a França vai ser atendida. É o que desejamos”.
Na última segunda-feira (20), a família de Atlaoui fez um apelo à presidência francesa e à União Europeia para que não poupem esforços para salvá-lo. Eles também pediram uma “mobilização cidadã” na França. Sabine, mulher do condenado, pediu que a França interfira e que o governo se faça presente no caso. (Com RFI)