Lava-Jato: juiz Sérgio Moro solta a cunhada do ex-tesoureiro Vaccari Neto, após pedido da defesa

marice_correa_01Olho da rua – O juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelas ações decorrentes da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, determinou, nesta quinta-feira (23), a imediata soltura da cunhada do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que encontra-se preso na capital do Paraná. Marice Correa de Lima estava presa desde a semana passada sob suspeita de receber propina da empreiteira OAS.

Certo de que Marice ocultava valores ilícitos recebidos da empreiteira, o Ministério Público Federal requereu sua prisão preventiva. As investigações do esquema de corrupção na Petrobras sustentam que Marice de Lima aparecia em imagens de segurança em uma agência bancária realizando transferências de valores para a conta de sua irmã, Giselda, esposa de Vacccari.

Defensor de Marice, o advogado Cláudio Pimentel ressaltou que quem aparece nas imagens é a própria Giselda. Moro expediu, então, alvará de soltura à Polícia Federal, em favor de Marice. Pimentel elogiou a decisão do juiz e afirmou que a medida “recompõe o status legal dos direitos de Marice”.

De acordo com o criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende João Vaccari Neto, a revogação da prisão temporária de Marice “representa um profundo bom senso do juiz (Sérgio Moro) no sentido de verificar e confirmar posteriormente que as imagens (do sistema de segurança da agência bancária) realmente são da Giselda”. E ainda acrescenta: “Giselda fazia depósitos em suas próprias contas, como sempre fez durante todo o período que o Ministério Público Federal entendeu por suspeito. Na verdade, esses depósitos todos têm origem lícita, oriundos dos recebimentos auferidos pelo próprio Vaccari, fruto de seu trabalho. Tudo tem origem lícita, tudo é legal”.

O fato de Marice Correa deixar a carceragem da PF, na capital do Paraná, produz uma sensação de alívio na cúpula do Partido dos Trabalhadores, que tremia diante da possibilidade de uma nova avalanche de delações premiadas. Agora, a preocupação dos petistas é em relação a Vaccari, que a qualquer momento poderá contar o que sabe às autoridades da força-tarefa da Lava-Jato, já que provas mostram sua participação direta no escândalo do Petrolão.

A situação de Vaccari piorou sobremaneira depois que O executivo Augusto Mendonça Neto, da Toyo Setal, disse, durante depoimento à CPI da Petrobrás, na manhã desta quinta-feira, que o ex-diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, pediu que ele fizesse contribuições ao PT, assunto que foi tratado diretamente com o então tesoureiro do PT.

“Procurei Vaccari no escritório do PT dizendo que tinha interesse de fazer contribuição ao partido. Ele me indicou onde deveria contribuir. Duque me pediu outras vezes. Fizemos outras contribuições”, destacou Mendonça Neto. Ele afirmou também que encontrou o ex-tesoureiro petista “algumas vezes, talvez dez”. “Vaccari nunca me ofereceu vantagem legal ou ilegal”. (Danielle Cabral Távora com Ucho Haddad)

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