Integrante novo – Em 2014, quando sentiu a peçonha da que escorria da traição do PT e dos companheiros Gleisi Helena Hoffmann e Paulo Bernardo da Silva, o então deputado federal André Vargas, à época vice-presidente da Câmara, mandou um recado duro por meio da revista Veja. Vargas afirmou que Paulo Bernardo (então ministro das Comunicações) era beneficiário do propinoduto que funcionava na Petrobras, através do Grupo Schahin, ligado à empreiteira Camargo Corrêa.
Disse o ex-petista que o outrora “casal 20” da Esplanada dos Ministérios teria tentáculos na milionária publicidade do governo federal através da agência de publicidade paranaense Heads. A agência de publicidade, segundo a expressão de Vargas na Veja, seria um “esquema deles”, referência a Paulo Bernardo e Gleisi que, na ocasião, era ministra-chefe da Casa Civil do governo da “companheira” Dilma Rousseff.
Na edição desta semana da revista Época, uma nova “bomba” sobre o caso acabou explodindo. Depois da Borghi Loewe (agência operada pelo primo de Gleisi, Ricardo Hoffmann), a revelação de que chegou a vez de a Heads ser envolvida no escândalo de corrupção desmontado pela Operação Lava-Jato. “Depois da Borghi Lowe, a próxima agência a entrar no alvo da Operação Lava-Jato será a Heads, de Curitiba. Nos últimos dois anos, a Heads dividiu com a Borghi Lowe e outras duas agências a verba publicitária de R$ 1 bilhão da Caixa Econômica Federal. A Borghi Lowe é acusada de pagar propina para conseguir justamente esse contrato com a Caixa. E um ex-vice-presidente da Borghi Lowe [Ricardo Hoffmann] já topou fazer delação premiada”, informa a revista.
“Os investigadores suspeitam que, para entrar nessa conta da Caixa, a Heads tenha seguido o mesmo expediente que a Borghi Lowe. Outro fato que chama a atenção dos investigadores é que, no ano passado, a Heads compartilhou com duas agências os R$ 330 milhões de publicidade da Petrobras, empresa que está no epicentro do petrolão. A Heads atende outras duas companhias investigadas pela Lava Jato: a Sete Brasil, fornecedora de navios da Petrobras, e a Andrade Gutierrez, construtora proibida de fechar novos contratos com a estatal. No governo federal, a Heads ainda divide com uma agência os R$ 38 milhões de verba publicitária do Ministério do Trabalho e tem a conta de R$ 10 milhões da Embrapa”, diz a Época.
“Vargas insinuou que [Paulo] Bernardo é beneficiário do propinoduto que opera na Petrobras. O ministro, segundo o deputado, seria o intermediário de contratos entre o grupo Schahin, recorrente em escândalos petistas, e a petroleira. Bernardo teria recebido uma corretagem por isso, recolhida e repassada pelo “Beto”. É assim, com intimidade de sócio e amigo, que Vargas trata o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal sob a acusação de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro que teria chegado a 10 bilhões de reais. Parte desse valor, como se revelou nas últimas semanas, são as propinas de negociatas na Petrobras. As insinuações vão além. A senadora Gleisi e seu marido não gostariam ainda de ver expostas as suas relações com a Agência Heads Propaganda do Paraná. Seria, na expressão atribuída a Vargas, um “esquema deles”, destacou a Veja.
Não se pode esquecer que, em tempos outros, Vargas, ainda com a atuação política restrita a Londrina, importante cidade do interior paranaense, usou o esquema criminoso de Youssef para esquentar dinheiro da campanha de Paulo Bernardo. Coincidência ou não, Vargas, Youssef e Paulo Bernardo sempre foram próximos de José Janene, falecido em 2010 em decorrência de cardiopatia grave, o então deputado federal do PP que, com anuência de Lula, deu vida ao esquema de corrupção que culminou com a Operação Lava-Jato.