Escândalo no corredor – A Austrália pediu à Indonésia nesta segunda-feira (27) que apure todas as acusações de corrupção do processo que sentenciou dois de seus cidadãos à pena de morte por tráfico de drogas. Às vésperas da execução, a imprensa australiana publicou uma denúncia de que os juízes responsáveis pelo caso teriam pedido suborno para anular a aplicação da pena capital.
O jornal “The Sydney Morning Herald” publicou declarações de Mohammad Rifan, ex-advogado dos australianos condenados à morte. Rifan diz que, pouco antes das sentenças terem sido emitidas, em 2006, os juízes responsáveis pelo caso propuseram um acordo: o pagamento de 133 mil dólares australianos em troca da conversão da pena de morte em 20 anos de prisão.
O advogado disse que chegou a cogitar o pagamento caso obtivessem um acordo para baixar a pena para 15 anos de encarceramento, o que não foi aceito. Rifan então desistiu das negociações, acreditando que os juízes estariam blefando. Andrew Chan e Myuran Sukumaran acabaram sentenciados à pena de morte por tráfico de drogas em fevereiro de 2006.
A revelação do advogado dos condenados chega na véspera da execução, marcada para esta terça-feira. O governo australiano pediu imediatamente que todo o processo seja suspenso até que a denúncia seja apurada.
Oito estrangeiros
Na manhã desta segunda-feira (27), o presidente da França, François Hollande, e o primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, emitiram um comunicado conjunto condenando a pena de morte “sob qualquer circunstância”.
No sábado, a Indonésia notificou oito estrangeiros que devem ser executados, entre eles o brasileiro Rodrigo Gularte. A guerra diplomática empreendida pelo governo francês parece ter surtido efeito, e o condenado do país, Serge Atlaoui, acabou recebendo um sursis temporário. O advogado do brasileiro diz que seu cliente está sofrendo de graves distúrbios psiquiátricos e que não estaria nem mesmo em condições de compreender as informações que ele tenta comunicar sobre o processo.
Também nesta segunda-feira o presidente indonésio se se disse aberto a reavaliar o caso da empregada doméstica filipina Mary Jane Veloso que foi condenada. No domingo, o país respondeu ao secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, que havia pedido o cancelamento das execuções. “Registramos o pedido da ONU”, disse a chancelaria indonésia, “mas lembramos que não houve nenhuma declaração deste tipo quando cidadãos indonésios foram executados recentemente.” (Com RFI)