Contagem regressiva – A Indonésia finalizou nesta terça-feira (28) os últimos preparativos para a execução de nove pessoas condenadas por tráfico de drogas, entre elas o brasileiro Rodrigo Gularte.
Os condenados – além do brasileiro, três nigerianos, dois australianos, um ganês, uma filipina e um indonésio – encontram-se na prisão de segurança máxima da ilha de Nusakambangan, no Mar de Java, para onde costumam ser enviados os prisioneiros condenados à pena de morte. O décimo condenado, um francês, conseguiu suspender a execução na Justiça.
O governo de Jacarta recusou-se a confirmar a data das execuções, mas tudo indica que deverão acontecer a partir das 2 horas da madrugada desta quarta-feira, pelo horário local, 14 horas da terça-feira no Brasil. A imprensa australiana publicou fotografias das cruzes que serão usadas nos caixões, com a inscrição “29.04.2015”. Ambulâncias carregando caixões chegaram à prisão.
Os familiares foram informados de que poderiam fazer uma última visita aos condenados nesta terça-feira, mais um sinal de que as execuções deverão acontecer nas próximas horas.
Comoção na visita de familiares
As visitas dos familiares dos dois australianos, Myuran Sukumaran, de 33 anos, e Andrew Chan, de 31, foram marcadas por tumulto e momentos de comoção. Os familiares não conseguiram controlar suas emoções ao chegar a Cilacap, a cidade que faz a ligação à ilha de Nusakambangan.
Cercados por jornalistas, membros da família de Sukumaran começaram a chorar e pedir “misericórdia” quando entraram no porto. A irmã de Sukumaran gritou o nome do irmão, acabando por desmaiar e tendo que ser transportada por familiares.
Na segunda-feira, as autoridades atenderam ao ultimo desejo de Chan, que era se casar com a sua namorada indonésia. Um pequeno grupo de familiares e amigos participou da cerimônia, realizada na prisão.
Familiares da condenada filipina também foram à prisão para uma última visita. “Estamos esperando por um milagre”, disse a irmã da condenada.
A condenação de Mary Jane Veloso causou indignação em seu país. Nesta terça-feira, dezenas de pessoas, a maioria filipinos e indonésios, se reuniram em frente ao Consulado da Indonésia em Hong Kong para protestar contra a execução da filipina. A defesa de Veloso argumenta que ela foi usada como “mula” para transportar heroína sem saber.
Brasil tentou apelação
Ante a iminente execução de Gularte, o Ministério de Relações Exteriores entregou no último domingo (26) ao encarregado de Negócios da Embaixada da Indonésia, em Brasília, uma nota diplomática em que condena a medida e pede que a execução seja suspensa.
Na nota diplomática, documento que serve para expressar a contrariedade do governo, o Itamaraty pede que as autoridades indonésias levem em consideração a questão humanitária, a situação de saúde de Gularte – que sofre de esquizofrenia –, os direitos humanos e o respeito à vida. No documento, o governo brasileiro reitera a tese de ineficácia da pena de morte no combate ao tráfico de drogas.
A defesa de Gularte também tenta adiar a execução da pena por meio de um pedido de revisão judicial do caso. É a segunda vez que o advogado do brasileiro tenta esse recurso. O primeiro foi negado pela Justiça da Indonésia. (Com agências internacionais)