Pá de cal – Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa cravou mais um prego no caixão político da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT). Foi durante o depoimento que prestou em audiência pública na CPI mista da Petrobras no último dia 5. Interrogado pelo deputado Ivan Valente (PSOL), o ex-homem forte da Petrobras revelou ter se encontrado com Gleisi Hoffmann e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva. Os encontros se deram em “situação irregular”, eufemismo usado no depoimento para designar encontros para tratar de pagamento de propina.
As declarações de Paulo Roberto Costa desmontam de forma direta os depoimentos prestados à Polícia Federal por Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann nos dias 2 e 14 de abril último, quando negaram terminantemente irregularidades nas doações da campanha da petista em 2010. Paulo Bernardo vinha alegando conhecer superficialmente o ex-diretor da Petrobras. Para a Polícia Federal, Paulo Bernardo só admitiu ter encontrado Paulo Roberto em determinada situação profissional, quando era secretário da Fazenda do Mato Grosso do Sul, em 2000. Gleisi alegou não conhecer Paulo Roberto Costa e nem o doleiro Alberto Youssef.
O depoimento de Paulo Roberto Costa agrava a situação de Gleisi. Até agora era sabido de um encontro entre Paulo Bernardo e Paulo Roberto Costa em 2010, quando o então ministro do Planejamento de Lula teria solicitado R$ 1 milhão, por fora, para a campanha de Gleisi ao Senado. Paulo Roberto repassou a solicitação ao doleiro Alberto Youssef, que providenciou o dinheiro e o entregou a Gleisi em um shopping no centro de Curitiba. Com a declaração de Paulo Roberto, no vácuo da resposta dada ao deputado Ivan Valente, sabe-se agora que também Gleisi manteve encontro não contabilizado com o ex-diretor da Petrobras para de assunto em “situação irregular”.
Essa declaração sugere que podem existir outras “doações” irregulares, com dinheiro da Petrobras, para o casal Gleisi e Paulo Bernardo, além do R$ 1 milhão cujo roteiro é bem conhecido. Quando a Polícia Federal prendeu Paulo Roberto Costa, levou junto uma agenda anotações que traziam anotações interessantes, como, por exemplo, “PB” e “1,0”. Elas foram traduzidas pelo ex-diretor de Abastecimento como: “Paulo Bernardo” e “R$ 1 milhão”. O encontro “irregular” com Gleisi pode significar outras doações.
Gleisi e Paulo Bernardo só admitiram na Polícia Federal o que era impossível de negar. Ou seja, o excelente relacionamento do casal com as empreiteiras envolvidas com o esquema de corrupção da Petrobras. O marido da senadora confirmou que fez solicitações de doação a diversas empreiteiras, com o propósito de financiar a campanha da petista ao Senado. Recebeu recursos da Queiroz Galvão, Odebrecht, UTC, Camargo Corrêa e OAS.
Ao falar sobre a Odebrecht, Paulo Bernardo disse que o pedido foi feito diretamente ao empresário Marcelo Odebrecht. No caso da UTC, a solicitação também foi apresentada ao presidente da empreiteira, Ricardo Pessoa, em prisão domiciliar e tido como um dos mentores do cartel das empreiteiras ligadas aos esquemas de corrupção na Petrobras.
Sobre as doações da OAS para a campanha de Gleisi, Paulo Bernardo mencionou que foram solicitados valores “possivelmente ao presidente da empresa Leo Pinheiro, já que a senadora “conhece” o empresário.
Ex-ministro do Planejamento do governo Lula e ex-ministro das Comunicações no governo Dilma, Paulo Bernardo disse que não teve participação na arrecadação de fundos para a campanha de Gleisi em 2010. Havia a orientação de que os ministros não se envolvessem nas campanhas.