Sem perdão – Nesta sexta-feira (15), o checheno Dzhokhar Tsarnaev, de 21 anos, declarado culpado por um tribunal federal dos Estados Unidos pelo atentado à Maratona de Boston, foi condenado à pena de morte após o júri se reunir por três dias para decidir sua pena.
Os doze jurados – sete mulheres e cinco homens – debateram por 14 horas qual deveria ser a sentença de Dzhokhar, sendo que na pauta havia a opção de prisão perpétua sem possibilidade de libertação, mas o júri optou pela pena de morte com o uso de injeção letal. É importante ressaltar que para um sentenciado ser condenado à morte a decisão deve ser unânime.
Na decisão, os jurados consideraram que Dzhokhar não mostrou remorso por suas ações, além de rejeitarem a tese da defesa de que Tamerlan Tsarnaev, irmão mais velho do condenado, tinha feito lavagem cerebral e o convencido a executar o atentado.
Segundo Kevin McNally, do Federal Death Penalty Resource Counsel Project, que coordena defesas em casos que envolvam a possibilidade de pena de morte, esta é primeira vez que o júri de um tribunal federal dos EUA condena um terrorista à morte, desde o fatídico atentado de 11 de setembro de 2001.
Dzhokhar foi considerado culpado em abril deste ano pelo uso de “arma de destruição em massa”, além de outras 29 acusações, por um tribunal federal de Massachusetts nos EUA.
Os promotores do caso apresentaram Dzhokhar, um imigrante que chegou aos EUA em 2002, como um assassino sangue frio e jihadista não arrependido que quis matar americanos inocentes em retaliação pela morte de muçulmanos inocentes nas guerras do Iraque e do Afeganistão, ambas lideradas pelos EUA.
O atentado causou a morte de 3 pessoas – Martin Richard, de 8 anos, Lingzi Lu, de 23 anos, e Krystle Campbell, de 29 anos – e a amputação de pelo menos uma das pernas em outras 17. No total, mais de 240 pessoas que estavam nas arquibancadas acompanhado os momentos finais da corrida ficaram feridas com gravidade.
Em uma troca de tiros três dias depois do atentado, enquanto fugiam de um cerco da polícia, os irmãos Tsarnaev também mataram Sean Collier, segurança do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
“Depois de toda a carnificina, o medo e o terror que ele (Dzhokhar) causou, a decisão certa é óbvia”, afirmou o promotor federal Steven Mellin. “A única sentença que fará justiça neste caso é a pena de morte.”
Como o júri decidiu pela pena de morte, a defesa do autor do atentado deverá apelar, prolongando o caso por vários anos ou décadas.
Das 80 penas de morte decididas por tribunais federais dos EUA desde 1988, apenas 3 – incluindo o caso de Timothy J. McVeigh, condenado pelo atentado de Oklahoma City, em 1995 – foram executadas. A maior parte dos casos ainda se arrasta em alguma instância de apelação, enquanto em outros os réus morreram ou cometeram suicídio. (Por Danielle Cabral Távora)
