Demissões e crise política abalam projeto olímpico do inoperante e confuso governo de Dilma Rousseff

dilma_rousseff_508Baderna anunciada – O governo de Dilma Rousseff ainda não conseguiu colocar nos eixos o projeto para a Olimpíada de 2016. O plano federal olímpico está abalado por demissões e a crise política nacional. Em fevereiro, o então presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), general Fernando Azevedo e Silva, pediu demissão, insatisfeito com rumores sobre sua substituição.

A APO foi criada em 2009 para coordenar todo o esforço público em prol da Rio-2016, sendo que Azevedo e Silva comandava o órgão desde outubro de 2013. À frente da Autoridade Olímpica, ele havia conseguido cumprir um dos grandes desafios do órgão: divulgar o orçamento dos Jogos de 2016. Entretanto, logo no início do segundo mandato do governo Dilma, ele passou a ser visto como substituível.

Alguns dias após a presidente anunciar seus novos ministros, o nome de Edinho Silva surgiu como um novo nome para a presidência da entidade. Edinho foi tesoureiro da campanha à reeleição de Dilma, ex-prefeito de Araraquara e ex-deputado estadual pelo PT de São Paulo. Ciente da movimentação para sua substituição, o general pediu demissão.

Edinho Silva, apesar de ter divulgado que assumiria a APO mesmo quando Azevedo e Silva ainda a presidia, nunca chegou a assumir o comando da Autoridade Olímpica. Antes de chegar ao cargo, Edinho precisaria ter seu nome aprovado pelo Senado, algo que tornou-se quase impossível difícil depois que a Operação Lava-Jato levantou suspeitas sobre as finanças da campanha de Dilma Rousseff. O ex-tesoureiro acabou sendo convidado para assumir a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom).

Em abril, Ana Moser, ex-jogadora de vôlei, foi convidada pelo governo para assumir a Autoridade Olímpica. Apesar do interesse, uma carta que ela enviou em 2009, enquanto o Rio ainda disputava o direito de sediar os Jogos Olímpicos, pesou contra ela. Na carta, endereçada a membros do COI (Comitê Olímpico Internacional), Moser pediu votos contra o Rio. Inclusive, chegou a dizer que os Jogos Olímpicos no País serviriam para que “os milionários do COB” ficassem ainda mais ricos. Depois que a história voltou à tona, a aprovação da ex-jogadora no Senado também ficou inviável.

Em visita ao Rio de Janeiro, Dilma anunciou que o presidente interino da APO, Marcelo Pedroso, deveria ser efetivado. Pedroso está na Autoridade Olímpica desde 2014. É servidor público, já foi secretário executivo do Ministério da Cultura e diretor da Embratur. Ele vem gerenciando as atividades do órgão desde a saída do general Azevedo e Silva. Antes de ser elevado a presidente efetivo, porém, precisará ser oficialmente indicado por Dilma e sabatinado no Senado. A indicação de Pedroso ainda não saiu e a APO segue sem presidente.

Outro problema que surgiu no projeto olímpico federal aconteceu na Secretaria de Alto Rendimento do Ministério do Esporte. O órgão é responsável por gerir a maior parte do investimento público feito na preparação de atletas para a Rio-2016. Até o início do segundo mandato do governo petista, era comandado por Ricardo Leyser, promovido a secretário executivo do ministério.

Após a promoção de Leyser, o governo buscou um nome de peso para a secretaria de Alto Rendimento. Trouxe, então, Ricardo Trade, ex-atleta, preparador físico e diretor geral do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014. Trade ficou apenas três meses no cargo. Em março pediu demissão para tornar-se diretor geral da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

Carlos Geraldo, radialista e bacharel em administração, acabou sendo nomeado para a secretaria de Alto Rendimento. Geraldo chegou ao ministério em 2015, junto com o ministro George Hilton (PRB). Antes, era presidente do PRB de Pernambuco e da Record News, emissora da Rede Record. Nunca trabalhou com esporte.

De acordo com o Ministério do Esporte, apesar das mudanças na Secretaria de Alto Rendimento e da indefinição na APO, o projeto olímpico federal não foi comprometido. Segundo o governo, “o plano federal para os Jogos Rio 2016 envolve diferentes órgãos de governo, que seguem executando o planejamento para garantir o sucesso da organização do evento, o que foi atestado pelos representantes do COI em recente visita ao país”.

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